Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
"Nenhuma palavra se perderá no anonimato"
Após todos aqueles momentos
que vivenciamos juntos eu acreditava que um dia pudéssemos ser felizes.
Eu almejava uma vida pacata
como a de tantas pessoas que vivem por aí. As pessoas normais não fazem ideia
do quanto possuem.
Nós vivíamos nos escondendo.
Por causa de um ideal. Por causa daquilo que acreditávamos, nós deixamos a nossa
vida em segundo plano.
Eu sempre amei Mustaf,
sempre. Muitos diriam que fui uma mulher corajosa. Eu reneguei tudo a serviço
de minha religião, de minha crença. Imaginei que um dia as coisas fossem mudar
para nós e eu com Mustaf formaríamos uma grande família.
Eu não divulgava os meus
sonhos românticos porque nem sei o que seria de mim se soubessem dos meus
devaneios, mas no fundo, nós mulheres somos feitas para o amor e para a
família.
Lutei e tramei por todos
nós. Secretamente implantei muitos dos nossos nos serviços políticos e
militares para formar uma rebelião.
Tudo em vão.
Só guerra que atrai mais
guerra com o compromisso de manter a paz ou de gerá-la. Mustaf era como eu, mas
não imaginei que ele se ofereceria para o serviço – homem-bomba. Fiquei aterrorizada
quando ele se ofereceu no lugar do irmão mais novo.
Hoje eu compreendo que tudo
o que ele fez foi defender o irmão. Eu quis contrariá-lo, mandar outro ao
local, um hospital.
Que loucura, quanta
demência!
Eu chorei antes mesmo de
perdê-lo porque seria inevitável. Quando tudo aconteceu eu senti morrer por
dentro e só então percebi o quanto estávamos errados. Quanta dor eu senti.
Vocês não podem imaginar o que é a dor da morte. Esta dor que nada consegue
amenizar.
Dor de arrependimento e
fracasso, frustração. Pra mim não havia mais nada, nada. Vida que se acabou
naquele momento com tantos outros que morreram sem saber dos nossos motivos. Eu
mesma não tinha nada a justificar.
Abri meus olhos num dia tão
terrível. O pior é que a tortura não parou por aí. Após meu desencarne, meses
depois num combate a corpo direto, eu fui diretamente impulsionada para zonas
de combate num plano inferior ao vosso. Não tenho palavras para descrever tanto
horror.
São muitos os que sofrem.
Aqueles que praticam o mal
encarnados continuam no mal após o desencarne. Isso é só o que nos acompanha.
Não importam os motivos. Fez o mal, se aliou a ele. E para interromper a aliança
é difícil. Não basta só vontade, mas tem que ter quem deseje interceder por
nós. Mustaf veio ter comigo.
Eu nem acreditei quando ele
apareceu. Isso porque a morte dele teve um componente do bem. Ele tomou o lugar
do irmão e tudo é sempre analisado pela espiritualidade. Mustaf se doou por
alguém.
Ele fez o bem e pôde ser
socorrido por causa de sua boa ação. Eu não, mas fui resgatada pelo verdadeiro
amor do meu Mustaf e hoje estamos bem. Estamos nos tratando e esperamos retornar
o quanto antes para resgatar os débitos. Muito possivelmente estaremos juntos
como trabalhadores que socorrem aqueles que foram flagelados em guerras porque
infelizmente elas ainda existem. Com gratidão.
Aranádia
8/01/17
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Foi dramático, mas eu só
tenho o que agradecer.
Após o horror que sofri junto
àquele homem eu pude compreender que precisamos nos respeitar integramente. Eu
tive a prova adequada para minha evolução. Nada poderia ser mais lógico. O meu
raciocínio não estará ligado ao drama que sofri, mas sim à análise do que
recebi do meu plano reencarnatório.
Fui socorrida tão brevemente
que nem mesmo senti as torturas vivenciadas. Antes de reencarnar eu soube de
alguns fatos importantes que deveria enfrentar. Isso me amedrontou com toda
certeza.
Eu tive sempre impulsos que
me davam a certeza de que passaria por algum pesar, mas não me lembrava de nada
enquanto encarnada. Quando retornei, após ser tratada dos meus ferimentos e
também das sensações mentais eu pude analisar de forma lúcida e é isso o que
quero dividir com quem interessar.
Como o plano é perfeito para
cada um. Em outra existência eu não me importava em abusar das mulheres. Numa
época bem distante eu me aproveitava de sua fragilidade e como possuía muitos
bens e era visto por uma posição social invejada, eu nunca necessitei pagar a
dívida dos homens.
Na espiritualidade, nas leis
de Deus eu continuava em débitos e recebi os castigos necessários para
reconsiderar meus instintos e minha postura como homem, mas ainda assim, olhava
para as mulheres como para seres que deviam me servir.
Pois então, nada seria mais
lógico do que vir num corpo feminino para sentir o que sente uma mulher.
Isso ainda seria pouco para
alguém que desprezou tanto as mulheres. Então eu deveria resgatar o débito
adquirido e resgatei. Ainda tive auxílio. Não sofri, nem mesmo estive presente
para saber o que se passou. Agradeço a Deus porque o sofrimento poderia ser
muito maior. Eu vivenciei e estejam certos, hoje sei exatamente como as
mulheres devem ser tratadas porque eu também sou uma.
Não mudei minhas
características aqui, continuo feminina. Adoro este corpo e tenho ainda muito o
que aprender. Tenho alguns ícones como espelho e pretendo lutar por algumas
causas femininas.
As mulheres merecem o que
for de melhor. Respeito, consideração, merecem delicadezas e palavras de
carinho. Elas são as responsáveis por concretizarmos um período importante de
transição entre um plano e outro. São benditas, celestiais.
Corpos abençoados estes
femininos que são como portais para os Espíritos. Amem suas mulheres, suas
mães, suas irmãs e suas filhas, primas, amigas. Todas merecem o maior respeito.
Georgete
08/01/17
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Eu cantava e é muito difícil
ter sucesso como cantora.
Desde a minha infância minha
voz animava a todos. Os adultos ficavam fascinados comigo. Eu brilhava e sempre
me senti tão feliz cantando que desejei seguir assim por toda a minha vida.
É um caminho tortuoso este
da fama e do sucesso. Eu corri tanto atrás disso que me perdi. Cheguei num
ponto que não me reconheci. Nem mesmo sabia quem eu era e do que gostava.
Viajei para tantos lugares,
nem sempre tive dinheiro para me deslocar ou para uma estadia em algum lugar
com cama quente. Eu viajava pedindo carona, eu dormia em qualquer canto e me
apresentava nos bares da vida. Que vida? Me prostituí, roubei e vi minha vida
sendo destruída por um sonho que não se aproximava de mim.
Eu demorei muito pra aceitar
que não seria deste modo que as coisas iriam funcionar pra mim. Quando, um dia
senti fome e frio, decidi mudar o caminho e me tornei garçonete pra poder
ganhar um dinheiro honesto. Guardei o violão. Por anos.
A gente, às vezes, tem que
aceitar que o caminho não é como a gente acha que conhece. Tem que mudar.
Depois disso eu me casei e formei uma bonita família, a música ressurgiu na
minha vida. Eu cantava para os meus filhos e fui parar numa escola. Ensinei
música por simples gosto de servir e de cantar. Voltei para o caminho.
Graças a Deus e ao meu amigo
espiritual que não desistiram de mim. De me intuir. Aqui na espiritualidade
descobri que não era mesmo pra ser famosa, era pra ter família. Quanta coisa a
gente pode mudar entrando no caminho errado.
Quanta coisa a gente pode
deixar de fazer seguindo o orgulho e a vaidade. Sim porque a música voltou pra
mim de uma forma muito mais decente e honrada. Por amor às crianças e com amor
à música. Vivam com amor.
Olinda
08/01/17
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Malditas esmeraldas.
Tanta ganância que me
fizeram destruir uma jornada. Eu era tão jovem quando a vi com aquele colar.
Estava estacionando os carros dos ricos num grande banquete e a vi passar. Eu
pensei: “quanto deve valer uma pedrinha destas?” Não parei de pensar nelas a
noite toda e quando a festa acabou tomei coragem. Coloquei uma toca na cabeça e
parei o casal: “passem as joia!” Ele atirou.
Fim de carreira do
delinquente. Eu morri. Ninguém contrariou o rico que atirou no marginal porque
foi em legítima defesa. Eu nem ameacei feri-los. Nada.
Morri. Por causa de uma
pedra.
Eu nem soube o que deveria
ter feito, não deu tempo. Sabe, tem gente que consegue enxergar o que tem que
fazer. Tem gente que consegue entender o que reparou, mas eu nem isso.
Devo ser burro mesmo porque
eu não consigo entender até agora. Não entra na minha cabeça. Eu estudo aqui,
eu trabalho e acho que é demais pra mim. Tanta disciplina me irrita um pouco,
mas não tem jeito.
É isso ou voltar pro
submundo. Simples assim e lá não é fácil não. Pensem no pior do vosso mundo,
nem chega perto do que tem por lá no submundo. Então eu aceito as aulas e o
trabalho lavando os banheiros do hospital. Nem sei o que deve acontecer daqui
pra frente porque eu sou revoltado e desconfiado.
Acho que pra mim tem que ser
um reencarne compulsório porque eu nem entendo nada viu? Eu acho que tem gente
assim em todo canto.
Gente que vive por viver.
Gente que nem se interessa
pelo futuro e nem de compreender as causas de Deus. Eu sei que estou errado.
Este senhor que me possibilitou escrever tem conversado comigo. Faço o
tratamento psicológico pra evoluir um pouco mais.
Eu estou tentando. É muito complicado
pra quem sempre quis o fácil como eu. Eu só acho que a gente perde tempo assim
quando não enxerga nada.
Deveria ser um pouco mais
lúcido mesmo como ele fala pra mim: “Abrir os olhos Rafael”. “Abrir os olhos e
deixar a mente discernir Rafael”. Ele está certo e eu sou grato. Daqui uns dias
vou até gostar de lavar os banheiros (risos). Pra vocês desejo o mesmo: abram
os olhos povo e deixem a mente discernir. Abraços.
Rafael
08/01/17
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
"Nenhuma palavra se perderá no anonimato"
Eu também sinto saudades.
Às vezes é tão forte que me
sinto enlouquecer. Não é fácil, nem um pouco. Eu me lembro de tudo. Do seu
cheiro e da sua voz. Todos os momentos que passamos juntos e as dificuldades
que enfrentamos também fazem parte de mim. Nada se perdeu, ao contrário, hoje
tenho mais certeza de que sou sua.
Quando despertei deste lado,
após tendo vivido meses naquele hospital, me percebi ainda carregando as dores
do acidente. Eu não desejei bater o carro, nunca. Os ferimentos doeram muito
após o desencarne e necessitei de tempos de tratamento para amenizar as dores e
para compreender que eu estava viva, mas não podia retornar para junto daqueles
que amo.
Aos poucos as lembranças
foram despertando em minha mente. Eu relembrei fatos de outras vidas, fatos que
me chocaram e fizeram sentir muita tristeza. São muitas pessoas que vão e voltam
junto de nós. Desafetos que se tornam afetos e afetos que viram desafetos, uma
loucura. Mudava a roupagem, o corpo físico, mas pra mim ficava a certeza
absoluta de quem era quem.
Muito interessante a vida
espiritual e a possibilidade de reparar tudo. Como as coisas mudam após a
reencarnação. Você sempre esteve ao meu lado de uma forma doce, amorosa. Nunca
despertou em mim, senão o desejo de estar contigo. Sempre fomos afins, simpáticos.
Rodrigo, não tem como não te
amar. E existem muitas formas de amor, por isso, já estivemos ligados pelo laço
da maternidade e da fraternidade, mas meu caro, eu ainda o aguardo para viver
maritalmente, pois o amor que construímos é difícil de esquecer. Eu agradeço
por cada instante que esteve ao meu lado naquele hospital. Saiba que o coma não
conseguiu apagar todo aquele afeto e as suas palavras de incentivo serviram
para o tratamento que fiz deste lado. Nada foi em vão.
Quero que entenda que vou
apoiá-lo no que for. Você é jovem e tem o direito de recomeçar. O verdadeiro
amor não aprisiona. Eu sempre orarei por ti, para que consiga ser vitorioso nos
seus propósitos edificantes. Com amor imenso.
Camila
17/01/17
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Eu agradeço minha querida e
sei que seria complicado para os nossos familiares reconhecerem em mim a alma
depurada que vos fala.
As pessoas não entendem que
quando perdemos o corpo tudo é diferente. Sempre chega o momento de observar a
vida de outra forma. Aos poucos todos despertam e cada um no seu tempo, eles
poderão perceber que tudo o que importa é evoluir.
O trabalho é sempre o melhor
caminho, o trabalho no bem. Só ele edifica o homem e o faz perder aquele senso
de superioridade. Alguns afirmam que não poderia ser este ou aquele porque
quando encarnados não se expressavam de tal maneira.
Ledo engano. Não compreendem
que tudo passa pela mente do médium e que ele interpreta as mensagens segundo a
sua própria evolução intelectual. É um misto de ideias e nós, deste lado,
seguimos e evoluímos. Nada estagna e nem se perde. Eu não pretendo chocar e nem
mesmo obrigar ninguém a acreditar que sou eu. Basta que eu mesma saiba que
tenho minha identidade e que agora, muito mais do que antes, sei quem sou e o
que significam minhas convicções.
Creio que errei, um pouco
menos nesta do que já errei no pretérito, se Deus permitir na próxima um pouco
menos ainda. O real é dizer que todas as vezes que você pensa em mim, eu me
alegro minha linda porque sei que fiz algo de bom. Consegui plantar uma semente
de amor – em você.
Eu também me lembro todos os
dias da criança doce e afetuosa que você foi e sinto orgulho da mulher que se
tornou. Eu tentei fazer pelos outros e sinto muito se eles têm revolta e não
conseguiram entender os meus motivos. Todos nós só fazemos o que podemos e
doamos apenas o que temos.
Eu fui o melhor de mim. Não
foi por prazer de errar. Mas você... Ah! Quanta saudade. Eu também tenho os
seus exemplos minha neta. Sinto tudo e cada palavra dita em meu nome chega até
mim. As azaleias chegam aqui e o ipê também chegou. Nunca se arrependa do que
você faz com suas meninas porque um dia é disso que elas vão se lembrar,
filha. Seja exatamente assim porque está
certo é o caminho de Deus. A vó te ama muito e os demais devem seguir os seus
caminhos. Eu rezo por eles. Que Deus te
abençoe.
Cecília
17/01/17
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Eu tive todas as chances e eu
fugi.
Eu fugi de tudo o que foi
bom em minha vida. Eu tinha tanto medo de não conseguir me controlar e eu fugia.
Era como se eu soubesse que dentro de mim estava preso um monstro. A grande
verdade é que muitos de nós temos mesmo, monstros e fingimos ser bonzinhos. São
aquelas pessoas que cometem delitos no escuro e quando estão na multidão são
ovelhinhas.
Eu desejava mesmo acabar com
muita gente. Mas por outro lado eu fui criada na igreja, desde pequena me
apresentaram uma vida onde Jesus não permitia que as coisas ruins viessem à
tona. E o meu monstro não podia se fazer presente porque era contrário a tudo o
que eu aprendi. Pode ser que vocês não entendam.
Existe tese para tudo o que
eu digo e aqueles que pesquisam os delinquentes e os psicopatas podem afirmar o
que eu digo. Eu faço tratamento aqui e estou bem melhor, por isso, me deixaram
falar.
Com tudo o que aprendi na
catequese eu me controlei por anos, tantos anos que nesta vida eu não realizei
nenhum ato que ferisse o meu semelhante e, por isso, pude adentrar a colônia
onde estou. Foi como uma expiação porque eu não realizei nada de bom, mas pelo
menos, eu me controlei e não fiz mal à ninguém.
É estranho como o impulso
negativo pode nos persuadir e eu contei com um grupo de Espíritos que estava
ligado a mim por muitas centenas de anos. Eles eram meus companheiros em
terríveis enganos que cometi e nesta existência eles me acompanhavam
incentivando a praticar o mal.
Eu consegui romper o laço
porque me distanciei deles pela imagem abençoada do Mestre. O bom samaritano
que socorre todos os desafortunados. E eu, como a ovelha desgarrada, consegui
retornar para os braços do Pai. Hoje sou imensamente agradecida por tudo o que
recebo. Imagino que ficarei aqui ainda por um bom tempo para que consiga
assimilar o quanto é bom fazer o bem.
Me deparo com pequenos
instantes de paz e ligeira felicidade quando contemplo as belezas da natureza.
Ainda não sei do meu plano, enquanto estiver na erraticidade só quero
aproveitar para desenvolver o bem que constitui em mim. Só o bem nos conduz a Deus.
Elisabeth
17/01/17
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Faltou amor, faltou
cordialidade, esperança, afeto.
Quando é que eu podia
imaginar que tudo o que eu construí não me conduziria para um local bendito. Eu
fui um homem reto. Quem me observasse certamente, não diria nada negativo ao
meu respeito, mas a verdade é que não sabia que deveria me esmerar em questões
tão pessoais.
Se eu tivesse o conhecimento
que tenho hoje talvez fosse diferente. Eu trabalhei tanto. Estudei com
dificuldade. Formei família e nunca desamparei os meus tutelados, pais ou
filhos sempre foram bem tratados por mim. Doei o pouco que sobrava e eu achei
que, com isso, iria pra um bom lugar após a morte. Eu estava tão enganado
porque eu fiz tudo o que os olhos podem ver. Mas o que podiam sentir, não.
Tinha pensamentos secretos
que me denunciavam como um ser cruel. Eu detestava conversar com os velhos. Eu
não suportava ouvir os seus melindres.
Minha esposa me irritava e
eu confesso, muitas vezes, observei com desejo as que estavam ao seu lado. Eu
não preciso negar porque tudo já foi descoberto. Primeiro por minha consciência
e depois pelos que me perseguiam com as formas pensamentos que eu produzia
enquanto estava encarnado. Todo o invisível sabe de nossos pontos falhos porque
nós mesmos nos entregamos.
Como somos tolos e levianos.
Fiz tudo por obrigação, não por amor ou doação e isso conta. Eu desencarnei e
fui arrastado por meus cobradores de outros tempos para um local de extremo
padecimento e ainda não conseguia entender o porquê de estar ali.
Brigava com Deus como um
filho insolente. Eu urrava e consegui por pra fora aquele que eu realmente sou.
Levou tempo para adquirir o mínimo de sensatez que me fez discernir sobre quem
sou.
Neste momento caí de joelhos
e nem consegui rogar perdão. Fui resgatado e hoje eu estudo e trabalho cuidando
dos portões da colônia. É fácil pra mim saber quem está realmente sendo sincero
no seu apelo. Eu fracassei e nem sei como posso melhorar.
Me entristeço com a minha conduta
e em pensar que perdi uma chance. Eu não fiz afetos e nem fui nada para me
orgulhar. Eu não existi naquela vida.
Não fiz diferença nenhuma. É
triste perceber que os seus familiares ficaram melhor sem você. Acho que é isso
o que pretendo deixar pra vocês. Será que eles ficariam melhores sem vocês?
Espero que não. Que vocês possam ser melhores do que eu.
Cícero
17/01/17
"Nós Somos Construtores do nosso próprio Destino"
É inusitada a forma como
entramos e saímos da vida uns dos outros. Nós sempre acrescentamos na vida de
alguém, mas todas as pessoas também acrescentam em nossas vidas.
Eu passei muito tempo
achando que eu me bastava. Achava que era tão esperto e que ninguém no mundo
sabia mais do que eu. Eu tinha realmente um entendimento acima da média.
Você se surpreenderia com a
rapidez do meu raciocínio. E algumas pessoas me irritavam profundamente por sua
falta de inteligência. Eu poderia ser denominado como um arrogante medíocre ou
qualquer coisa do tipo.
O fato é que ninguém nunca
se aproximava de mim porque eu afastava as pessoas com tudo o que eu
argumentava. Foi então que percebi o quanto é dolorosa a solidão. Eu consegui
muitas coisas, mas nenhuma delas foi realmente substancial a ponto de me
fornecer alegria ou bem estar. Tudo o que eu via por onde andava eram pessoas
envolvidas com outras pessoas e isso, de certo modo, me incomodava.
Num dia como outro qualquer
em que me permitia apenas apreciar a atitude alheia, me surpreendi com um
garoto pobre e esfarrapado. O menino se aproximou de mim e confesso que segurei
os meus pertences temendo um roubo. Ele se debruçou sobre a mesa e falou:
- O que você vê?
- O que eu vejo? Por que me
pergunta isso?
Ele olhou no fundo dos meus
olhos e percebi que era importante pra ele a minha resposta. Então, eu me pus a
pensar no que eu realmente via. Eu via tantas coisas, mas não sabia o que
responder. Ele aguardou um instante e falou:
- Você vê a vida que existe
em cada ser. A vida que cada um insiste em conservar e a vida que cada um teme em
perder porque é importante pra eles. Nada é mais importante do que a vida que
faz com que eles sejam o que são e atraiam as pessoas que amam.
Eu fiquei observando aquele
menino que não tinha mais do que dez anos e provavelmente nem estaria na
escola. Eu me envergonhei porque ele era tão astuto, tão inteligente e não quis
nada de mim, apenas perdera comigo alguns minutos do seu tempo. Tempo que me
fizesse perceber o quanto eu era arrogante e miserável. Ele me doou mais
conhecimento em alguns instantes do que eu havia assimilado por toda a minha
vida.
O menino partiu, mas nunca
me esqueci dele. Provavelmente fora enviado de algum ser luminoso para me fazer
compreender a importância da vida. E o fundamental desta história toda é que possamos
parar para apreciar o que o outro tem a nos dizer.
Observar os sinais que nos
fazem progredir com as experiências alheias. Agradecer a Deus por todos aqueles
que cruzam o nosso caminho e que enriquecem as nossas vidas permitindo que
sejamos melhores hoje do que já fomos um dia. Todas as pessoas que nos permitem
desenvolver nossas inclinações positivas, mas também aqueles que servem de
instrumentos para colocarmos em prática as nossas provas. E é claro que um
serve de instrumento para a elevação do outro. E isso é lindo porque o plano de
Deus para nós é que saibamos enxergar tudo isso. Convictos de que precisamos
nos amar, mas se é tão difícil amar porque temos nossos vícios morais, então
podemos iniciar nosso processo de restauração moral olhando o outro com
respeito e percebendo o que ele pode acrescentar em nossas vidas. Ter a certeza
da troca que fazemos quando esbarramos uns nos outros por aí. Todos nós estamos
ligados por um incrível inconsciente coletivo. Amém.
Cristóvão
22/01/16
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Eu sempre soube que não era
a mulher ideal para ele. Eu não era bonita. Nem tão pouco possuía qualquer
característica que me colocasse acima das outras mulheres.
Fui sempre tão normal, diria
sem graça. Como dona de casa fazia o trivial, mas me esforçava mesmo para
agradar a todos porque eles faziam parte de mim e tinham todo o meu amor. Meu
esposo e meus filhos foram a minha razão de viver.
Quando eu descobri aquela
traição senti que iria morrer. Eu chorei tanto que parecia que não iria
conseguir andar nunca mais. A vontade de sair correndo e matar aquela mulher
que estava com ele e eu sabia que não podia competir com ela porque a infeliz
era belíssima. A secretária sempre atrai. Eu preferi fingir que não sabia de
nada porque tive medo que a minha reação o afugentasse de vez e ele fosse
embora. Eu pensei nas crianças e não queria ficar só. Não tinha amigas e não
sabia o que fazer. Eu orei, pedi a Deus que aquele pesadelo tivesse fim.
É terrível saber que está
sendo traída e só me entenderá quem já passou por isso. Você percebe que toda a
história familiar desabou. Que o tudo que você entregou para alguém, para ele
foi nada. Senti vergonha, frustração, me senti rejeitada e depois fiquei com
nojo do meu marido porque sabia que ele estava com ela. Ninguém me contou, eu
vi.
Fiquei quatro anos vivendo
desta forma. Pensando e pensando, sofrendo e todas as vezes que ele saía eu
pensava que ele iria pra casa dela. A verdade é que eu levei muito tempo pra
compreender que eu precisava de mim integralmente. Só de mim. A única pessoa
que vai estar com você para toda a eternidade é você mesma. Eu precisava me ver
como uma pessoa digna, alguém que tem sim algo de muito bom pra acrescentar. Me
valorizar foi complicado. Eu precisei ouvir da minha filha de quatorze anos
umas verdades, isso porque a menina presenciou uma cena que eu não desejava
nunca que ela tivesse visto. Depois que choramos juntas e meus outros três
filhos me abraçaram dizendo que eu sou uma mãe nota dez, eu entendi que tivera
dele tudo o que eu necessitava para ser realizada e não precisava viver toda
aquela agonia.
Na época foi terrível, mas eu
tomei coragem e fui embora com meus meninos e meninas. Eu passei uma fase
dolorosa, tudo mudou. Arrumei emprego, precisei dos meus parentes que me
falaram desaforos e me recriminaram. Meu marido me procurou e falou coisas
horríveis a meu respeito. Confessou a traição e ainda me culpou por desejar
outras mulheres. Ele acabou com a imagem que eu possuía dele e naquele instante
fiquei feliz em perceber que não o amava mais. Depois de trinta anos separados
eu agradeci a Deus por tudo, por meus filhos, por minhas possibilidades de
vencer na vida. Tive ajuda de pessoas que eram estranhas e se tornaram amigos
leais. Ninguém nunca está sozinho e mais do que isso, Deus sempre nos auxilia.
Sempre. Temos que nos valorizar e saber que ninguém é mais do que ninguém, porém
ninguém pode se colocar como sendo menos e nem admitir que as pessoas façam a
gente se sentir inferior. Aceitar resto ou outra coisa. Eu nunca mais me casei.
Vivi feliz com meus filhos e com meus netos. A família foi crescendo e hoje eu
agradeço por tudo o que vivi. Com gratidão.
Raquel
22/01/17
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Foi um amor lindo. Coisa de
adolescente, mas era coisa que não se pode esquecer. Ele foi a melhor parte da
minha história. Numa época onde o namoro era só o olhar. Quando sério tinha o
toque das mãos. Ele escreveu na árvore as nossas iniciais e eu prometi que iria
voltar: A e J.
Meu pai desejava que eu
fosse pra escola militar. Eu nunca desobedeceria o meu pai. Também não achei que tudo sairia diferente do
planejado. Eu fui e lá me deparei com uma vida que não era pra mim. Eu queria
casar, cuidar da família. Achava lindo a forma como minha mãe cuidava da casa e
tudo o que fazia com os bordados, o cuidado que tinha com o bebê me encantava.
Eu abandonei tudo e voltei pra casa, mas meu pai nunca me perdoou. Ele disse
que não era fácil alistar uma filha. O desejo dele era ter um rapaz e eu
contrariava tudo o que ele havia almejado. Eu senti muito ouvir aquelas
palavras porque não tinha percebido o quanto era ruim ser uma filha mulher.
A verdade é que o mundo dos
homens se apresentava pra mim e eu me frustrei um pouco. Nunca mais olhei para
o meu pai com o amor de antes e ele também me desprezava. Encontrei o João e
ele preferiu me ignorar porque estava acompanhado de uma moça linda com saia
vermelha, nunca esqueci. Ele também se apresentou pra mim diferente. Eu não
tinha o que fazer porque meu pai abrira mão de tudo o que havia sonhado pra
minha vida. Foi aí que o circo veio pra nossa cidade. Eu fui com mamãe e o
pequeno Léo. Adorei tudo. Os malabaristas e também as bailarinas. Era um mundo
de sonho que nunca havia imaginado. Pensei que lá poderia ser o que quisesse e
parti. Eu fugi com o circo e deixei minha família para trás. Deixei tudo. Eu
nunca mais voltei.
Vocês haverão de se
perguntar se valeu a pena tudo o que fiz e eu respondo que não sei. Eu apenas
vivi minha vida da forma que achei prudente naquele momento. Existem muitas
coisas que fazemos no impulso. Fazemos coisas sem nos comprometermos muito com
ninguém, sem pensar nos outros, apenas em nós. Eu passei fome, frio. Tive que
me defender inúmeras vezes para não ser maltratada e nem molestada. Não voltei
porque tive medo da reação do meu pai. Eu abandonei uma vida maravilhosa porque
não aceitei as ordens do meu pai. Eu errei.
Quando desencarnei eu também
sofri porque minha consciência me revelou que não fiz o que havia no meu plano.
Soube, após ser resgatada, que meus pais nunca desistiram de procurar por mim.
Eu fui tida como uma menina desaparecida. Meus pais pensaram muitas coisas.
Pensaram que eu havia sido sequestrada, morta e tudo de pior que pode passar
pela cabeça daqueles que amam. Eles nunca superaram o meu sumiço. Meu pai se
culpou a vida toda. Eu tomei o rumo errado e fiz sofrer aqueles que me amavam.
As pessoas deviam pensar mais antes de cometer os atos. Eu não culpo meus pais.
Nunca poderia fazer isso de posse de todas as informações. Eu sinto muito se
fracassei. Nós temos muitas chances de avançar, mas quando falhamos não
falhamos só conosco, mas também com aqueles que nos cercam. Nós podemos
comprometer as outras pessoas com nossos atos falhos. E eu sinto muito. Sei que
depois de todo este tempo que estive aguardando será permitido que retorne no
mesmo molde familiar. Eu pretendo acertar desta vez. Ter o maior respeito por
meus pais e ser conduzida nos planos do Senhor. Rezem por mim.
Ana Salete
22/01/17
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Educar, educar e educar.
Seguir com afinco na missão
proposta por Deus.
As famílias devem se erguer e se comprometer com a nova
aliança de reajustar o seio familiar, pois apenas desta forma poderemos
possibilitar que as coisas avancem. Eu tenho ouvido muitas coisas e me preocupo
com a omissão dos pais. Pais que querem colocar a culpa de uma sociedade
indecisa e frágil. Gente que não se permite respeitar as diferenças. Gente que
faz o que quer e não aceita recusas.
Eles dizem que a culpa é do governo, dos professores,
a culpa é das próprias crianças que não querem ouvir, as crianças que não querem
respeitar. Vejam pais, do fundo do coração, se o exemplo não for adequado nada
fará o seu filho ter inclinações positivas. Se o exemplo de casa não é nobre o
seu filho não será uma boa pessoa. Se você não sabe ouvir a sua esposa e não
respeita a mulher que mora com você, seu filho não irá respeitar as outras
mulheres. Entendam que o objetivo é receber um ser, um Espírito que pode ter
mais conhecimento que você, mas você recebeu ele em seu lar porque devem
conviver juntos para trocar informações. Vocês devem aprender juntos, mas você
numa condição de pai pode e deve impregnar o seu filho de coisas boas. Você e
só você pode fazer desta pessoa uma pessoa excelente e cheia de amor. Todos os
pais podem se desejarem ardentemente e se fizerem desta tarefa a sua prioridade
de vida. Até prefiro perceber o quanto existem casais na atualidade que se
recusam a receber crianças nos seus lares. É melhor assim do que receber alguém
que necessita tanto de você e não tem senão as contrariedades da sua vida.
Pessoas que recebem crianças maravilhosas que já são seres iluminados e só
fazem iluminar o ambiente e ainda assim se sentem injustiçados porque têm que
cuidar delas. Eles se melindram porque foram privados de suas vidinhas porque
tiveram filhos. Me desculpem a franqueza, mas se não sabe dar amor, melhor não
ter filhos. Filho é a expectativa de que você pai e mãe pode perpetuar o melhor
de si. Talvez isso amedronte a ideia de que você, vaidoso, pode fracassar, mas
eu vou te dizer uma coisinha.
O Pai celestial que nos concede esta
possibilidade já sabe o quanto somos falhos e às vezes te concede uma criatura
que vai te guiar mais do que você imagina e ainda digo mais, existem crianças
em toda parte necessitando de amor e atenção. Crianças formidáveis que
necessitam de todos e desta maturidade emocional rara de se ver. Maturidade que
se tem quando consegue ver o outro, ao invés, de se enxergar no espelho. Vamos
arregaçar as mangas e trabalhar a serviço de nossa evolução. Isso começa
olhando para o jardim de infância. Desafio vocês a observarem melhor os vossos
filhos, com respeito e a certeza de que eles vêm com algumas respostas que
vocês ainda não perceberam. Com esperança num mundo melhor.
Silvio
Quando
se faz bobagem a gente não sabe que faz. É estranho porque tem um monte de
gente que fala como se fosse fácil perceber, mas não é assim que funciona.
Tem
gente que vive por viver, manja? Eu carreguei dentro de mim uma vontade de ser
livre. Nunca gostei de ouvir as pessoas me enchendo dizendo que eu tinha que
fazer isso ou aquilo. Pô é muito chato você estar sempre errado e ficar ouvindo
sermão, mas eu não queria ser igual o meu pai. Trabalhar num local fechado o
dia todo e ficar contando as notas pra pagar as contas. Fala sério, pra quê
tudo isso?
E
ele ainda queria que eu estudasse. Estudar o que véio? Não muda nada. Meu pai
era advogado. Ele ralou muito pra se formar. Não é fácil não. Eu sei que não é.
Acho que meu pai achava que eu não valorizava o que ele era e o que ele fazia
pra gente. Meu, era bem o inverso. Eu nunca falei, mas sei que nunca chegaria
nem nos pés dele. Eu não aguentaria o patrão me falando desaforos, forçando a
barra. Eu acho que as pessoas são abusadas e orgulham-se do poderzinho que têm.
Existe sempre aquele que se aproveita da situação pra falar que manda. Isso é
ridículo. Aí quando a gente não serve pra ser igual a todo mundo e entrar na competitividade
social, a gente recebe sempre rótulos. Eu fui o drogado. Ninguém quer saber de
nada só entra com o rótulo. Não vou me fazer de coitadinho não.
As
coisas já melhoraram pra mim. Eu admito que não passou disso. Fui drogado
mesmo. Usei drogas e levei minha família de mal a pior porque eles se
importavam comigo. Minha mãe sofreu pra caramba. Ela tinha vergonha, coitada.
Todo mundo comenta. É um inferno. Depois que eu desencarnei eles tiveram um
pouco de paz porque depois de um tempo as pessoas encontram outros alguéns pra
importunarem e, assim, meus pais viveram as vidas deles do jeito que dava. Eu
fui pro vale e sofri até cansar. Totalmente ensandecido, só queria saber da
droga. Com um grupo de afins totalmente revoltados. Demorou muito tempo nesta
pegada.
Eu
estou tentando soltar isso a muitas existências. Quem começa no vício não pensa
que vício é muita coisa, acha que viciado é só quem usa a droga forte. As
drogas lícitas também viciam gente e estas que estão dentro da lei são piores
porque todo mundo vê e aceita. Eu comecei com vinho, depois usava charuto e
entrou, saiu encarnação as coisas foram ficando piores. A cada existência as
drogas mais pesadas e eu provando e gostando. Não vicia só o corpo, vicia o
Espírito entendeu?
Então
não fala pro seu filho acender seu cigarrinho ou pegar a sua lata de cerveja
pra você não. Por favor. Você que aponta o drogado e fala que a justiça devia
punir seriamente também devia pensar em punição pros pais que levam o vício pra
dentro de casa. É tudo muita hipocrisia gente. Vamo acorda que chegou a hora. É
todo mundo igual. Tudo devendo. Eu? Faço tratamento e nem sei quando vou poder
voltar, mas com certeza irei com um problema físico pra não chegar nem perto da
droga porque só assim. Se eu tiver condições vou querer provar só um pouquinho
e pro viciado já viu né? O pouco nunca basta. É isso. Conscientização e fé pra
vocês aí. Abraço.
Marcondes
29/01/17
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Similaridades,
às vezes, acontecem. Nós fomos idênticas. Traços perfeitos que nos
caracterizaram como gêmeas univitelinas. Tudo com um propósito simples. Nós
devíamos nos unir. Aprender a nos amar. Sermos realmente próximas e perdoarmos
nossas diferenças e todos os atritos que tivemos no passado.
Isso
acontece com muitos irmãos, mesmo os que não são gêmeos. Deus é tão
misericordioso que permite os laços de sangue e a união familiar para que
possamos conviver com proximidade. Para que possamos passar por provas de
família e, assim, exercitarmos o nosso potencial de doação no lar.
Nós
podemos amar desta forma. Cada um que observa o seu irmão diariamente pode
perceber nele os bons sentimentos que ele tem. Daí, poderá nascer uma admiração
e o desejo de estar perto dele. Nasce o amor. Já perceberam como os irmãos têm
fortes ligações? Eles têm que dividir. Eles têm que ser caridosos uns com os outros.
Já
começam dividindo os pais, os outros irmãos, os brinquedos, a casa, enfim o
mundo de coisas daquele lar. Foi assim comigo e com a Bel. Antes de nascermos
dividimos o útero da mamãe e lá já havia uma estranha vontade de sumir e não
permanecer ligada àquela energia que tanto me irritava. A mamãe passou mal toda
a gravidez, quase não podia andar e teve problemas graves de saúde. Ela teve
que ficar de repouso porque senão poderia abortar a gente. Eu sei que a gente
não se suportava por causa do que fizemos no passado.
Coisas
muito graves que ocasionaram no desencarne de uma ou outra em existências
sucessivas. O fato é que nascemos e durante toda a infância nos repelimos. Não
desejávamos estar juntas. Éramos estranhas gêmeas e eu odiava ver no meu rosto,
o rosto dela.
A
gente não pode falar pra ninguém que não gosta da irmã porque é horrível, mas
foi assim. Eu preferia que qualquer um fosse meu irmão. Eu tinha amizade com
todo mundo, mas não com ela. A gente discordava de tudo e não conseguia
conversar.
Seu
relato me chamou a atenção. É assim mesmo, mas uma coisa eu digo: tudo é
perfeito na lei de Deus. Só o tempo e as circunstâncias da vida aproximam os
desafetos. O Pai conhece os filhos e sabe de nossas necessidades evolutivas. Eu
não amei minha irmã nesta vida. Desencarnamos brigadas por causa da herança de
nossos pais.
Quando
estive em peregrinação na região umbralina me dei conta de uma estranha
presença que me fazia lembrar do lar em que fui amada. Quando tive um lampejo
de clareza mental vi a Bel. Ela cantou pra mim a música que a mamãe cantava.
Meus
pais estavam próximos, mas a Bel me tirou de lá nos seus braços. Ela me embalou
como um bebê. Eu agradeci muito a minha irmã e naquele momento acendeu uma
luzinha dentro do meu peito que era o amor que brotava pela Bel. Todo mundo
pode se amar e despertar para o próximo por mais que os sentimentos estejam
desgastados, basta querer. No fundo todo mundo é igual. Hoje estamos bem. Eu
adoro minha irmã. Não, eu a amo. E sou agradecida a Deus que me permitiu ter
experiências dentro e fora da carne pra aprender o quanto ela é maravilhosa.
Com carinho Irene.
29/01/17
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Eu
caminhava tanto e não chegava a lugar nenhum. Um cheiro forte não saia de perto
de mim. Era como cheiro de lixo. A dor na perna ardia e eu chorava. Não conseguia
pensar em muita coisa porque a dor me fazia perder o juízo.
Era
uma paisagem horrorosa e não tinha ninguém comigo, nada. Eu não sei do tempo.
Não sei. Mas de repente começou a clarear e a perna não doía tanto. Eu fui me
sentindo um pouco melhor e as minhas recordações começaram a me fazer
questionar: por que eu estava ali e onde estavam os que eu conhecia?
Eles
pararam de chorar e começaram a orar. A oração é luz, é vida e esperança para
todos. Quando oramos nos ligamos diretamente ao plano espiritual, a Deus, Jesus
ou aos seus emissários e daí também nos ligamos com o motivo da oração, ou
seja, meus familiares se ligaram a mim e eu recebia todas as emanações de
energia que eles queriam me enviar.
Eles
nem tinham informações pra saber que foram os responsáveis pela melhora que
apresentei. Na verdade eles oraram porque estavam tão condoídos com minha
partida que era a única coisa a fazer. Ainda bem que nós temos isso dentro da
gente.
A
essência divina e a lembrança que temos do mundo invisível nos permite tudo
isso. A intuição de que é tudo verdade nos faz ligar e orar pedindo auxílio e
pode ver que a gente sempre fica melhor depois que ora. Eu me reergui com as
preces dos meus familiares. Queria muito que eles soubessem o quanto eu estou
bem. Queria que eles soubessem que eu me arrependo de tantas coisas, mas
principalmente de não ter participado das reuniões familiares. Quando se é
adolescente se deseja descobrir o mundo e se esquece que o mundo está em nós e
nos nossos semelhantes. Eu na soube aproveitar bem a oportunidade que tive. Não
desejava causar o mal, nem o sofrimento. Sou grata por tudo o que recebi de
todos. Eles não deviam se preocupar tanto com quem partiu porque Deus sempre
cuida de todo mundo, até deles.
Vê
como foi bom o relacionamento do Carlinhos com a Leda, nasceu o Afonso e ele
encheu a casa de alegria. Eu vi. De vez em quando vejo daqui porque ainda não
posso sair. Mas tá tudo bem viu? Se alguém puder se comprometer com isso eu
agradeço. Que Deus abençoe todos os lares.
Lisa
29/01/17
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Vamos
seguindo fazendo as besteiras que damos conta de fazer porque um dia chega a
hora de resgatar. Todo mundo resgata. Todo mundo. Eu também achei que fosse
imbatível. Fazia o melhor pra mim e nem sofria quando alguém me pedia ajuda
porque se fosse me desgastar, nem pensava.
Vivi
assim. Eu casei, tive filhos e sempre falava para eles que não era pra cair na
besteira de se fascinar ou ficar fanático como esse povo que quer salvar o
mundo. Ensinei assim e eles aprenderam bem. Eu até apontaria o dedo pra você se
estivéssemos na mesma situação. Na carne. A questão é que eu tive que aprender
sentindo na pele. Fui envelhecendo e precisei de cuidados dos meus filhos que
já eram adultos e eu não recebi o rim que precisava porque eles nem quiseram
saber se podiam ser doadores. Aprenderam bem o que ensinei, então precisei
fazer tratamento constante com hemodiálise. Depois disso minha esposa
desencarnou e quando eu precisei de cuidados dos meus filhos, eles preferiram
me colocar num asilo porque eles não tinham tempo pra cuidar de mim.
Tudo ficaria muito complicado, levar um velho
pra casa e a esposa ter que cuidar. Nem pensar no assunto. Ninguém cogitou. Eu
fui internado e morri sozinho. Não tenham pena. Eu colhi só isso. Vejam como as
pessoas aprendem o que ensinamos. Eu falei a vida toda pra serem assim e eles
mostraram que aprenderam direitinho. Devemos tomar o máximo de cuidado com a
forma que falamos com todos. Com a forma que nos portamos na sociedade porque,
algumas vezes, podemos achar que ninguém está observando, mas sempre tem alguém
olhando o que estamos realizando de bom ou de ruim. Eu me arrependo muito do
jeito que ensinei meus meninos porque eu os prejudiquei. Não devia ter feito
isso. Não tem receita pra educar só o pai sabe, só a mãe sabe e mais ninguém.
Hoje eu penso que o filho é colocado na tutela do pai de forma que o pai saberá
encaminhá-lo, mas exige esforço, trabalho árduo.
Ninguém
sabe quem é este ser que te chama de pai. Pode ser o amor da sua vida, a sua
salvação ou um antigo rival. Jesus ensinou o amor e o perdão. É isso, seguir
Jesus e deixar que Deus permita que sejamos melhores hoje do que fomos ontem. Com
vontade de fazer o bem a gente pode acertar. Boa sorte pra vocês.
Honório
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