Cartas de Janeiro (16)

Foto cedida por Magno Herrera Fotografias

"Nenhuma palavra se perderá no anonimato"

Após todos aqueles momentos que vivenciamos juntos eu acreditava que um dia pudéssemos ser felizes.

Eu almejava uma vida pacata como a de tantas pessoas que vivem por aí. As pessoas normais não fazem ideia do quanto possuem.

Nós vivíamos nos escondendo. Por causa de um ideal. Por causa daquilo que acreditávamos, nós deixamos a nossa vida em segundo plano.

Eu sempre amei Mustaf, sempre. Muitos diriam que fui uma mulher corajosa. Eu reneguei tudo a serviço de minha religião, de minha crença. Imaginei que um dia as coisas fossem mudar para nós e eu com Mustaf formaríamos uma grande família.

Eu não divulgava os meus sonhos românticos porque nem sei o que seria de mim se soubessem dos meus devaneios, mas no fundo, nós mulheres somos feitas para o amor e para a família.

Lutei e tramei por todos nós. Secretamente implantei muitos dos nossos nos serviços políticos e militares para formar uma rebelião.

Tudo em vão.

Só guerra que atrai mais guerra com o compromisso de manter a paz ou de gerá-la. Mustaf era como eu, mas não imaginei que ele se ofereceria para o serviço – homem-bomba. Fiquei aterrorizada quando ele se ofereceu no lugar do irmão mais novo.

Hoje eu compreendo que tudo o que ele fez foi defender o irmão. Eu quis contrariá-lo, mandar outro ao local, um hospital.

Que loucura, quanta demência!

Eu chorei antes mesmo de perdê-lo porque seria inevitável. Quando tudo aconteceu eu senti morrer por dentro e só então percebi o quanto estávamos errados. Quanta dor eu senti. Vocês não podem imaginar o que é a dor da morte. Esta dor que nada consegue amenizar.

Dor de arrependimento e fracasso, frustração. Pra mim não havia mais nada, nada. Vida que se acabou naquele momento com tantos outros que morreram sem saber dos nossos motivos. Eu mesma não tinha nada a justificar.

Abri meus olhos num dia tão terrível. O pior é que a tortura não parou por aí. Após meu desencarne, meses depois num combate a corpo direto, eu fui diretamente impulsionada para zonas de combate num plano inferior ao vosso. Não tenho palavras para descrever tanto horror.

São muitos os que sofrem.

Aqueles que praticam o mal encarnados continuam no mal após o desencarne. Isso é só o que nos acompanha. Não importam os motivos. Fez o mal, se aliou a ele. E para interromper a aliança é difícil. Não basta só vontade, mas tem que ter quem deseje interceder por nós. Mustaf veio ter comigo.

Eu nem acreditei quando ele apareceu. Isso porque a morte dele teve um componente do bem. Ele tomou o lugar do irmão e tudo é sempre analisado pela espiritualidade. Mustaf se doou por alguém.

Ele fez o bem e pôde ser socorrido por causa de sua boa ação. Eu não, mas fui resgatada pelo verdadeiro amor do meu Mustaf e hoje estamos bem. Estamos nos tratando e esperamos retornar o quanto antes para resgatar os débitos. Muito possivelmente estaremos juntos como trabalhadores que socorrem aqueles que foram flagelados em guerras porque infelizmente elas ainda existem. Com gratidão.
Aranádia
8/01/17

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Foi dramático, mas eu só tenho o que agradecer.

Após o horror que sofri junto àquele homem eu pude compreender que precisamos nos respeitar integramente. Eu tive a prova adequada para minha evolução. Nada poderia ser mais lógico. O meu raciocínio não estará ligado ao drama que sofri, mas sim à análise do que recebi do meu plano reencarnatório.

Fui socorrida tão brevemente que nem mesmo senti as torturas vivenciadas. Antes de reencarnar eu soube de alguns fatos importantes que deveria enfrentar. Isso me amedrontou com toda certeza.

Eu tive sempre impulsos que me davam a certeza de que passaria por algum pesar, mas não me lembrava de nada enquanto encarnada. Quando retornei, após ser tratada dos meus ferimentos e também das sensações mentais eu pude analisar de forma lúcida e é isso o que quero dividir com quem interessar.

Como o plano é perfeito para cada um. Em outra existência eu não me importava em abusar das mulheres. Numa época bem distante eu me aproveitava de sua fragilidade e como possuía muitos bens e era visto por uma posição social invejada, eu nunca necessitei pagar a dívida dos homens.

Na espiritualidade, nas leis de Deus eu continuava em débitos e recebi os castigos necessários para reconsiderar meus instintos e minha postura como homem, mas ainda assim, olhava para as mulheres como para seres que deviam me servir.

Pois então, nada seria mais lógico do que vir num corpo feminino para sentir o que sente uma mulher.

Isso ainda seria pouco para alguém que desprezou tanto as mulheres. Então eu deveria resgatar o débito adquirido e resgatei. Ainda tive auxílio. Não sofri, nem mesmo estive presente para saber o que se passou. Agradeço a Deus porque o sofrimento poderia ser muito maior. Eu vivenciei e estejam certos, hoje sei exatamente como as mulheres devem ser tratadas porque eu também sou uma.

Não mudei minhas características aqui, continuo feminina. Adoro este corpo e tenho ainda muito o que aprender. Tenho alguns ícones como espelho e pretendo lutar por algumas causas femininas.

As mulheres merecem o que for de melhor. Respeito, consideração, merecem delicadezas e palavras de carinho. Elas são as responsáveis por concretizarmos um período importante de transição entre um plano e outro. São benditas, celestiais.

Corpos abençoados estes femininos que são como portais para os Espíritos. Amem suas mulheres, suas mães, suas irmãs e suas filhas, primas, amigas. Todas merecem o maior respeito.
Georgete
08/01/17

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Eu cantava e é muito difícil ter sucesso como cantora.

Desde a minha infância minha voz animava a todos. Os adultos ficavam fascinados comigo. Eu brilhava e sempre me senti tão feliz cantando que desejei seguir assim por toda a minha vida.

É um caminho tortuoso este da fama e do sucesso. Eu corri tanto atrás disso que me perdi. Cheguei num ponto que não me reconheci. Nem mesmo sabia quem eu era e do que gostava.


Viajei para tantos lugares, nem sempre tive dinheiro para me deslocar ou para uma estadia em algum lugar com cama quente. Eu viajava pedindo carona, eu dormia em qualquer canto e me apresentava nos bares da vida. Que vida? Me prostituí, roubei e vi minha vida sendo destruída por um sonho que não se aproximava de mim.

Eu demorei muito pra aceitar que não seria deste modo que as coisas iriam funcionar pra mim. Quando, um dia senti fome e frio, decidi mudar o caminho e me tornei garçonete pra poder ganhar um dinheiro honesto. Guardei o violão. Por anos.

A gente, às vezes, tem que aceitar que o caminho não é como a gente acha que conhece. Tem que mudar. Depois disso eu me casei e formei uma bonita família, a música ressurgiu na minha vida. Eu cantava para os meus filhos e fui parar numa escola. Ensinei música por simples gosto de servir e de cantar. Voltei para o caminho.

Graças a Deus e ao meu amigo espiritual que não desistiram de mim. De me intuir. Aqui na espiritualidade descobri que não era mesmo pra ser famosa, era pra ter família. Quanta coisa a gente pode mudar entrando no caminho errado.
Quanta coisa a gente pode deixar de fazer seguindo o orgulho e a vaidade. Sim porque a música voltou pra mim de uma forma muito mais decente e honrada. Por amor às crianças e com amor à música. Vivam com amor.
Olinda
08/01/17

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Malditas esmeraldas.

Tanta ganância que me fizeram destruir uma jornada. Eu era tão jovem quando a vi com aquele colar. Estava estacionando os carros dos ricos num grande banquete e a vi passar. Eu pensei: “quanto deve valer uma pedrinha destas?” Não parei de pensar nelas a noite toda e quando a festa acabou tomei coragem. Coloquei uma toca na cabeça e parei o casal: “passem as joia!” Ele atirou.


Fim de carreira do delinquente. Eu morri. Ninguém contrariou o rico que atirou no marginal porque foi em legítima defesa. Eu nem ameacei feri-los. Nada.

Morri. Por causa de uma pedra.

Eu nem soube o que deveria ter feito, não deu tempo. Sabe, tem gente que consegue enxergar o que tem que fazer. Tem gente que consegue entender o que reparou, mas eu nem isso.

Devo ser burro mesmo porque eu não consigo entender até agora. Não entra na minha cabeça. Eu estudo aqui, eu trabalho e acho que é demais pra mim. Tanta disciplina me irrita um pouco, mas não tem jeito.

É isso ou voltar pro submundo. Simples assim e lá não é fácil não. Pensem no pior do vosso mundo, nem chega perto do que tem por lá no submundo. Então eu aceito as aulas e o trabalho lavando os banheiros do hospital. Nem sei o que deve acontecer daqui pra frente porque eu sou revoltado e desconfiado.

Acho que pra mim tem que ser um reencarne compulsório porque eu nem entendo nada viu? Eu acho que tem gente assim em todo canto.

Gente que vive por viver.

Gente que nem se interessa pelo futuro e nem de compreender as causas de Deus. Eu sei que estou errado. Este senhor que me possibilitou escrever tem conversado comigo. Faço o tratamento psicológico pra evoluir um pouco mais.

Eu estou tentando. É muito complicado pra quem sempre quis o fácil como eu. Eu só acho que a gente perde tempo assim quando não enxerga nada.

Deveria ser um pouco mais lúcido mesmo como ele fala pra mim: “Abrir os olhos Rafael”. “Abrir os olhos e deixar a mente discernir Rafael”. Ele está certo e eu sou grato. Daqui uns dias vou até gostar de lavar os banheiros (risos). Pra vocês desejo o mesmo: abram os olhos povo e deixem a mente discernir. Abraços.
Rafael
08/01/17 



Foto cedida por Magno Herrera Fotografias

"Nenhuma palavra se perderá no anonimato"




Eu também sinto saudades.
Às vezes é tão forte que me sinto enlouquecer. Não é fácil, nem um pouco. Eu me lembro de tudo. Do seu cheiro e da sua voz. Todos os momentos que passamos juntos e as dificuldades que enfrentamos também fazem parte de mim. Nada se perdeu, ao contrário, hoje tenho mais certeza de que sou sua.

Quando despertei deste lado, após tendo vivido meses naquele hospital, me percebi ainda carregando as dores do acidente. Eu não desejei bater o carro, nunca. Os ferimentos doeram muito após o desencarne e necessitei de tempos de tratamento para amenizar as dores e para compreender que eu estava viva, mas não podia retornar para junto daqueles que amo.

Aos poucos as lembranças foram despertando em minha mente. Eu relembrei fatos de outras vidas, fatos que me chocaram e fizeram sentir muita tristeza. São muitas pessoas que vão e voltam junto de nós. Desafetos que se tornam afetos e afetos que viram desafetos, uma loucura. Mudava a roupagem, o corpo físico, mas pra mim ficava a certeza absoluta de quem era quem.

Muito interessante a vida espiritual e a possibilidade de reparar tudo. Como as coisas mudam após a reencarnação. Você sempre esteve ao meu lado de uma forma doce, amorosa. Nunca despertou em mim, senão o desejo de estar contigo. Sempre fomos afins, simpáticos.

Rodrigo, não tem como não te amar. E existem muitas formas de amor, por isso, já estivemos ligados pelo laço da maternidade e da fraternidade, mas meu caro, eu ainda o aguardo para viver maritalmente, pois o amor que construímos é difícil de esquecer. Eu agradeço por cada instante que esteve ao meu lado naquele hospital. Saiba que o coma não conseguiu apagar todo aquele afeto e as suas palavras de incentivo serviram para o tratamento que fiz deste lado. Nada foi em vão.

Quero que entenda que vou apoiá-lo no que for. Você é jovem e tem o direito de recomeçar. O verdadeiro amor não aprisiona. Eu sempre orarei por ti, para que consiga ser vitorioso nos seus propósitos edificantes. Com amor imenso.
Camila
17/01/17

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Eu agradeço minha querida e sei que seria complicado para os nossos familiares reconhecerem em mim a alma depurada que vos fala.

As pessoas não entendem que quando perdemos o corpo tudo é diferente. Sempre chega o momento de observar a vida de outra forma. Aos poucos todos despertam e cada um no seu tempo, eles poderão perceber que tudo o que importa é evoluir.

O trabalho é sempre o melhor caminho, o trabalho no bem. Só ele edifica o homem e o faz perder aquele senso de superioridade. Alguns afirmam que não poderia ser este ou aquele porque quando encarnados não se expressavam de tal maneira.

Ledo engano. Não compreendem que tudo passa pela mente do médium e que ele interpreta as mensagens segundo a sua própria evolução intelectual. É um misto de ideias e nós, deste lado, seguimos e evoluímos. Nada estagna e nem se perde. Eu não pretendo chocar e nem mesmo obrigar ninguém a acreditar que sou eu. Basta que eu mesma saiba que tenho minha identidade e que agora, muito mais do que antes, sei quem sou e o que significam minhas convicções.

Creio que errei, um pouco menos nesta do que já errei no pretérito, se Deus permitir na próxima um pouco menos ainda. O real é dizer que todas as vezes que você pensa em mim, eu me alegro minha linda porque sei que fiz algo de bom. Consegui plantar uma semente de amor – em você.

Eu também me lembro todos os dias da criança doce e afetuosa que você foi e sinto orgulho da mulher que se tornou. Eu tentei fazer pelos outros e sinto muito se eles têm revolta e não conseguiram entender os meus motivos. Todos nós só fazemos o que podemos e doamos apenas o que temos.

Eu fui o melhor de mim. Não foi por prazer de errar. Mas você... Ah! Quanta saudade. Eu também tenho os seus exemplos minha neta. Sinto tudo e cada palavra dita em meu nome chega até mim. As azaleias chegam aqui e o ipê também chegou. Nunca se arrependa do que você faz com suas meninas porque um dia é disso que elas vão se lembrar, filha.  Seja exatamente assim porque está certo é o caminho de Deus. A vó te ama muito e os demais devem seguir os seus caminhos. Eu rezo por eles.  Que Deus te abençoe.
Cecília
17/01/17

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Eu tive todas as chances e eu fugi.
Eu fugi de tudo o que foi bom em minha vida. Eu tinha tanto medo de não conseguir me controlar e eu fugia. Era como se eu soubesse que dentro de mim estava preso um monstro. A grande verdade é que muitos de nós temos mesmo, monstros e fingimos ser bonzinhos. São aquelas pessoas que cometem delitos no escuro e quando estão na multidão são ovelhinhas.

Eu desejava mesmo acabar com muita gente. Mas por outro lado eu fui criada na igreja, desde pequena me apresentaram uma vida onde Jesus não permitia que as coisas ruins viessem à tona. E o meu monstro não podia se fazer presente porque era contrário a tudo o que eu aprendi. Pode ser que vocês não entendam.

Existe tese para tudo o que eu digo e aqueles que pesquisam os delinquentes e os psicopatas podem afirmar o que eu digo. Eu faço tratamento aqui e estou bem melhor, por isso, me deixaram falar.

Com tudo o que aprendi na catequese eu me controlei por anos, tantos anos que nesta vida eu não realizei nenhum ato que ferisse o meu semelhante e, por isso, pude adentrar a colônia onde estou. Foi como uma expiação porque eu não realizei nada de bom, mas pelo menos, eu me controlei e não fiz mal à ninguém.

É estranho como o impulso negativo pode nos persuadir e eu contei com um grupo de Espíritos que estava ligado a mim por muitas centenas de anos. Eles eram meus companheiros em terríveis enganos que cometi e nesta existência eles me acompanhavam incentivando a praticar o mal.

Eu consegui romper o laço porque me distanciei deles pela imagem abençoada do Mestre. O bom samaritano que socorre todos os desafortunados. E eu, como a ovelha desgarrada, consegui retornar para os braços do Pai. Hoje sou imensamente agradecida por tudo o que recebo. Imagino que ficarei aqui ainda por um bom tempo para que consiga assimilar o quanto é bom fazer o bem.

Me deparo com pequenos instantes de paz e ligeira felicidade quando contemplo as belezas da natureza. Ainda não sei do meu plano, enquanto estiver na erraticidade só quero aproveitar para desenvolver o bem que constitui em mim.  Só o bem nos conduz a Deus.
Elisabeth
17/01/17

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Faltou amor, faltou cordialidade, esperança, afeto.

Quando é que eu podia imaginar que tudo o que eu construí não me conduziria para um local bendito. Eu fui um homem reto. Quem me observasse certamente, não diria nada negativo ao meu respeito, mas a verdade é que não sabia que deveria me esmerar em questões tão pessoais.

Se eu tivesse o conhecimento que tenho hoje talvez fosse diferente. Eu trabalhei tanto. Estudei com dificuldade. Formei família e nunca desamparei os meus tutelados, pais ou filhos sempre foram bem tratados por mim. Doei o pouco que sobrava e eu achei que, com isso, iria pra um bom lugar após a morte. Eu estava tão enganado porque eu fiz tudo o que os olhos podem ver. Mas o que podiam sentir, não.

Tinha pensamentos secretos que me denunciavam como um ser cruel. Eu detestava conversar com os velhos. Eu não suportava ouvir os seus melindres.

Minha esposa me irritava e eu confesso, muitas vezes, observei com desejo as que estavam ao seu lado. Eu não preciso negar porque tudo já foi descoberto. Primeiro por minha consciência e depois pelos que me perseguiam com as formas pensamentos que eu produzia enquanto estava encarnado. Todo o invisível sabe de nossos pontos falhos porque nós mesmos nos entregamos.

Como somos tolos e levianos. Fiz tudo por obrigação, não por amor ou doação e isso conta. Eu desencarnei e fui arrastado por meus cobradores de outros tempos para um local de extremo padecimento e ainda não conseguia entender o porquê de estar ali.

Brigava com Deus como um filho insolente. Eu urrava e consegui por pra fora aquele que eu realmente sou. Levou tempo para adquirir o mínimo de sensatez que me fez discernir sobre quem sou.

Neste momento caí de joelhos e nem consegui rogar perdão. Fui resgatado e hoje eu estudo e trabalho cuidando dos portões da colônia. É fácil pra mim saber quem está realmente sendo sincero no seu apelo. Eu fracassei e nem sei como posso melhorar.

Me entristeço com a minha conduta e em pensar que perdi uma chance. Eu não fiz afetos e nem fui nada para me orgulhar. Eu não existi naquela vida.

Não fiz diferença nenhuma. É triste perceber que os seus familiares ficaram melhor sem você. Acho que é isso o que pretendo deixar pra vocês. Será que eles ficariam melhores sem vocês? Espero que não. Que vocês possam ser melhores do que eu.
Cícero

17/01/17  






"Nós Somos Construtores do nosso próprio Destino"


É inusitada a forma como entramos e saímos da vida uns dos outros. Nós sempre acrescentamos na vida de alguém, mas todas as pessoas também acrescentam em nossas vidas.

Eu passei muito tempo achando que eu me bastava. Achava que era tão esperto e que ninguém no mundo sabia mais do que eu. Eu tinha realmente um entendimento acima da média.

Você se surpreenderia com a rapidez do meu raciocínio. E algumas pessoas me irritavam profundamente por sua falta de inteligência. Eu poderia ser denominado como um arrogante medíocre ou qualquer coisa do tipo.

O fato é que ninguém nunca se aproximava de mim porque eu afastava as pessoas com tudo o que eu argumentava. Foi então que percebi o quanto é dolorosa a solidão. Eu consegui muitas coisas, mas nenhuma delas foi realmente substancial a ponto de me fornecer alegria ou bem estar. Tudo o que eu via por onde andava eram pessoas envolvidas com outras pessoas e isso, de certo modo, me incomodava.

Num dia como outro qualquer em que me permitia apenas apreciar a atitude alheia, me surpreendi com um garoto pobre e esfarrapado. O menino se aproximou de mim e confesso que segurei os meus pertences temendo um roubo. Ele se debruçou sobre a mesa e falou:
- O que você vê?
- O que eu vejo? Por que me pergunta isso?
Ele olhou no fundo dos meus olhos e percebi que era importante pra ele a minha resposta. Então, eu me pus a pensar no que eu realmente via. Eu via tantas coisas, mas não sabia o que responder. Ele aguardou um instante e falou:

- Você vê a vida que existe em cada ser. A vida que cada um insiste em conservar e a vida que cada um teme em perder porque é importante pra eles. Nada é mais importante do que a vida que faz com que eles sejam o que são e atraiam as pessoas que amam.

Eu fiquei observando aquele menino que não tinha mais do que dez anos e provavelmente nem estaria na escola. Eu me envergonhei porque ele era tão astuto, tão inteligente e não quis nada de mim, apenas perdera comigo alguns minutos do seu tempo. Tempo que me fizesse perceber o quanto eu era arrogante e miserável. Ele me doou mais conhecimento em alguns instantes do que eu havia assimilado por toda a minha vida.

O menino partiu, mas nunca me esqueci dele. Provavelmente fora enviado de algum ser luminoso para me fazer compreender a importância da vida. E o fundamental desta história toda é que possamos parar para apreciar o que o outro tem a nos dizer.

Observar os sinais que nos fazem progredir com as experiências alheias. Agradecer a Deus por todos aqueles que cruzam o nosso caminho e que enriquecem as nossas vidas permitindo que sejamos melhores hoje do que já fomos um dia. Todas as pessoas que nos permitem desenvolver nossas inclinações positivas, mas também aqueles que servem de instrumentos para colocarmos em prática as nossas provas. E é claro que um serve de instrumento para a elevação do outro. E isso é lindo porque o plano de Deus para nós é que saibamos enxergar tudo isso. Convictos de que precisamos nos amar, mas se é tão difícil amar porque temos nossos vícios morais, então podemos iniciar nosso processo de restauração moral olhando o outro com respeito e percebendo o que ele pode acrescentar em nossas vidas. Ter a certeza da troca que fazemos quando esbarramos uns nos outros por aí. Todos nós estamos ligados por um incrível inconsciente coletivo. Amém.
Cristóvão
22/01/16

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Eu sempre soube que não era a mulher ideal para ele. Eu não era bonita. Nem tão pouco possuía qualquer característica que me colocasse acima das outras mulheres.

Fui sempre tão normal, diria sem graça. Como dona de casa fazia o trivial, mas me esforçava mesmo para agradar a todos porque eles faziam parte de mim e tinham todo o meu amor. Meu esposo e meus filhos foram a minha razão de viver.

Quando eu descobri aquela traição senti que iria morrer. Eu chorei tanto que parecia que não iria conseguir andar nunca mais. A vontade de sair correndo e matar aquela mulher que estava com ele e eu sabia que não podia competir com ela porque a infeliz era belíssima. A secretária sempre atrai. Eu preferi fingir que não sabia de nada porque tive medo que a minha reação o afugentasse de vez e ele fosse embora. Eu pensei nas crianças e não queria ficar só. Não tinha amigas e não sabia o que fazer. Eu orei, pedi a Deus que aquele pesadelo tivesse fim.

É terrível saber que está sendo traída e só me entenderá quem já passou por isso. Você percebe que toda a história familiar desabou. Que o tudo que você entregou para alguém, para ele foi nada. Senti vergonha, frustração, me senti rejeitada e depois fiquei com nojo do meu marido porque sabia que ele estava com ela. Ninguém me contou, eu vi.

Fiquei quatro anos vivendo desta forma. Pensando e pensando, sofrendo e todas as vezes que ele saía eu pensava que ele iria pra casa dela. A verdade é que eu levei muito tempo pra compreender que eu precisava de mim integralmente. Só de mim. A única pessoa que vai estar com você para toda a eternidade é você mesma. Eu precisava me ver como uma pessoa digna, alguém que tem sim algo de muito bom pra acrescentar. Me valorizar foi complicado. Eu precisei ouvir da minha filha de quatorze anos umas verdades, isso porque a menina presenciou uma cena que eu não desejava nunca que ela tivesse visto. Depois que choramos juntas e meus outros três filhos me abraçaram dizendo que eu sou uma mãe nota dez, eu entendi que tivera dele tudo o que eu necessitava para ser realizada e não precisava viver toda aquela agonia.

Na época foi terrível, mas eu tomei coragem e fui embora com meus meninos e meninas. Eu passei uma fase dolorosa, tudo mudou. Arrumei emprego, precisei dos meus parentes que me falaram desaforos e me recriminaram. Meu marido me procurou e falou coisas horríveis a meu respeito. Confessou a traição e ainda me culpou por desejar outras mulheres. Ele acabou com a imagem que eu possuía dele e naquele instante fiquei feliz em perceber que não o amava mais. Depois de trinta anos separados eu agradeci a Deus por tudo, por meus filhos, por minhas possibilidades de vencer na vida. Tive ajuda de pessoas que eram estranhas e se tornaram amigos leais. Ninguém nunca está sozinho e mais do que isso, Deus sempre nos auxilia. Sempre. Temos que nos valorizar e saber que ninguém é mais do que ninguém, porém ninguém pode se colocar como sendo menos e nem admitir que as pessoas façam a gente se sentir inferior. Aceitar resto ou outra coisa. Eu nunca mais me casei. Vivi feliz com meus filhos e com meus netos. A família foi crescendo e hoje eu agradeço por tudo o que vivi. Com gratidão.
Raquel
22/01/17

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Foi um amor lindo. Coisa de adolescente, mas era coisa que não se pode esquecer. Ele foi a melhor parte da minha história. Numa época onde o namoro era só o olhar. Quando sério tinha o toque das mãos. Ele escreveu na árvore as nossas iniciais e eu prometi que iria voltar: A e J.

Meu pai desejava que eu fosse pra escola militar. Eu nunca desobedeceria o meu pai.  Também não achei que tudo sairia diferente do planejado. Eu fui e lá me deparei com uma vida que não era pra mim. Eu queria casar, cuidar da família. Achava lindo a forma como minha mãe cuidava da casa e tudo o que fazia com os bordados, o cuidado que tinha com o bebê me encantava. Eu abandonei tudo e voltei pra casa, mas meu pai nunca me perdoou. Ele disse que não era fácil alistar uma filha. O desejo dele era ter um rapaz e eu contrariava tudo o que ele havia almejado. Eu senti muito ouvir aquelas palavras porque não tinha percebido o quanto era ruim ser uma filha mulher.

A verdade é que o mundo dos homens se apresentava pra mim e eu me frustrei um pouco. Nunca mais olhei para o meu pai com o amor de antes e ele também me desprezava. Encontrei o João e ele preferiu me ignorar porque estava acompanhado de uma moça linda com saia vermelha, nunca esqueci. Ele também se apresentou pra mim diferente. Eu não tinha o que fazer porque meu pai abrira mão de tudo o que havia sonhado pra minha vida. Foi aí que o circo veio pra nossa cidade. Eu fui com mamãe e o pequeno Léo. Adorei tudo. Os malabaristas e também as bailarinas. Era um mundo de sonho que nunca havia imaginado. Pensei que lá poderia ser o que quisesse e parti. Eu fugi com o circo e deixei minha família para trás. Deixei tudo. Eu nunca mais voltei.

Vocês haverão de se perguntar se valeu a pena tudo o que fiz e eu respondo que não sei. Eu apenas vivi minha vida da forma que achei prudente naquele momento. Existem muitas coisas que fazemos no impulso. Fazemos coisas sem nos comprometermos muito com ninguém, sem pensar nos outros, apenas em nós. Eu passei fome, frio. Tive que me defender inúmeras vezes para não ser maltratada e nem molestada. Não voltei porque tive medo da reação do meu pai. Eu abandonei uma vida maravilhosa porque não aceitei as ordens do meu pai. Eu errei.

Quando desencarnei eu também sofri porque minha consciência me revelou que não fiz o que havia no meu plano. Soube, após ser resgatada, que meus pais nunca desistiram de procurar por mim. Eu fui tida como uma menina desaparecida. Meus pais pensaram muitas coisas. Pensaram que eu havia sido sequestrada, morta e tudo de pior que pode passar pela cabeça daqueles que amam. Eles nunca superaram o meu sumiço. Meu pai se culpou a vida toda. Eu tomei o rumo errado e fiz sofrer aqueles que me amavam. As pessoas deviam pensar mais antes de cometer os atos. Eu não culpo meus pais. Nunca poderia fazer isso de posse de todas as informações. Eu sinto muito se fracassei. Nós temos muitas chances de avançar, mas quando falhamos não falhamos só conosco, mas também com aqueles que nos cercam. Nós podemos comprometer as outras pessoas com nossos atos falhos. E eu sinto muito. Sei que depois de todo este tempo que estive aguardando será permitido que retorne no mesmo molde familiar. Eu pretendo acertar desta vez. Ter o maior respeito por meus pais e ser conduzida nos planos do Senhor. Rezem por mim.
Ana Salete
22/01/17

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Educar, educar e educar.

Seguir com afinco na missão proposta por Deus.

As famílias devem se erguer e se comprometer com a nova aliança de reajustar o seio familiar, pois apenas desta forma poderemos possibilitar que as coisas avancem. Eu tenho ouvido muitas coisas e me preocupo com a omissão dos pais. Pais que querem colocar a culpa de uma sociedade indecisa e frágil. Gente que não se permite respeitar as diferenças. Gente que faz o que quer e não aceita recusas. 

Eles dizem que a culpa é do governo, dos professores, a culpa é das próprias crianças que não querem ouvir, as crianças que não querem respeitar. Vejam pais, do fundo do coração, se o exemplo não for adequado nada fará o seu filho ter inclinações positivas. Se o exemplo de casa não é nobre o seu filho não será uma boa pessoa. Se você não sabe ouvir a sua esposa e não respeita a mulher que mora com você, seu filho não irá respeitar as outras mulheres. Entendam que o objetivo é receber um ser, um Espírito que pode ter mais conhecimento que você, mas você recebeu ele em seu lar porque devem conviver juntos para trocar informações. Vocês devem aprender juntos, mas você numa condição de pai pode e deve impregnar o seu filho de coisas boas. Você e só você pode fazer desta pessoa uma pessoa excelente e cheia de amor. Todos os pais podem se desejarem ardentemente e se fizerem desta tarefa a sua prioridade de vida. Até prefiro perceber o quanto existem casais na atualidade que se recusam a receber crianças nos seus lares. É melhor assim do que receber alguém que necessita tanto de você e não tem senão as contrariedades da sua vida. Pessoas que recebem crianças maravilhosas que já são seres iluminados e só fazem iluminar o ambiente e ainda assim se sentem injustiçados porque têm que cuidar delas. Eles se melindram porque foram privados de suas vidinhas porque tiveram filhos. Me desculpem a franqueza, mas se não sabe dar amor, melhor não ter filhos. Filho é a expectativa de que você pai e mãe pode perpetuar o melhor de si. Talvez isso amedronte a ideia de que você, vaidoso, pode fracassar, mas eu vou te dizer uma coisinha. 

O Pai celestial que nos concede esta possibilidade já sabe o quanto somos falhos e às vezes te concede uma criatura que vai te guiar mais do que você imagina e ainda digo mais, existem crianças em toda parte necessitando de amor e atenção. Crianças formidáveis que necessitam de todos e desta maturidade emocional rara de se ver. Maturidade que se tem quando consegue ver o outro, ao invés, de se enxergar no espelho. Vamos arregaçar as mangas e trabalhar a serviço de nossa evolução. Isso começa olhando para o jardim de infância. Desafio vocês a observarem melhor os vossos filhos, com respeito e a certeza de que eles vêm com algumas respostas que vocês ainda não perceberam. Com esperança num mundo melhor.
Silvio

22/01/17 




"Nós Somos Construtores do nosso próprio Destino"


Quando se faz bobagem a gente não sabe que faz. É estranho porque tem um monte de gente que fala como se fosse fácil perceber, mas não é assim que funciona.

Tem gente que vive por viver, manja? Eu carreguei dentro de mim uma vontade de ser livre. Nunca gostei de ouvir as pessoas me enchendo dizendo que eu tinha que fazer isso ou aquilo. Pô é muito chato você estar sempre errado e ficar ouvindo sermão, mas eu não queria ser igual o meu pai. Trabalhar num local fechado o dia todo e ficar contando as notas pra pagar as contas. Fala sério, pra quê tudo isso?

E ele ainda queria que eu estudasse. Estudar o que véio? Não muda nada. Meu pai era advogado. Ele ralou muito pra se formar. Não é fácil não. Eu sei que não é. Acho que meu pai achava que eu não valorizava o que ele era e o que ele fazia pra gente. Meu, era bem o inverso. Eu nunca falei, mas sei que nunca chegaria nem nos pés dele. Eu não aguentaria o patrão me falando desaforos, forçando a barra. Eu acho que as pessoas são abusadas e orgulham-se do poderzinho que têm. Existe sempre aquele que se aproveita da situação pra falar que manda. Isso é ridículo. Aí quando a gente não serve pra ser igual a todo mundo e entrar na competitividade social, a gente recebe sempre rótulos. Eu fui o drogado. Ninguém quer saber de nada só entra com o rótulo. Não vou me fazer de coitadinho não.

As coisas já melhoraram pra mim. Eu admito que não passou disso. Fui drogado mesmo. Usei drogas e levei minha família de mal a pior porque eles se importavam comigo. Minha mãe sofreu pra caramba. Ela tinha vergonha, coitada. Todo mundo comenta. É um inferno. Depois que eu desencarnei eles tiveram um pouco de paz porque depois de um tempo as pessoas encontram outros alguéns pra importunarem e, assim, meus pais viveram as vidas deles do jeito que dava. Eu fui pro vale e sofri até cansar. Totalmente ensandecido, só queria saber da droga. Com um grupo de afins totalmente revoltados. Demorou muito tempo nesta pegada.

Eu estou tentando soltar isso a muitas existências. Quem começa no vício não pensa que vício é muita coisa, acha que viciado é só quem usa a droga forte. As drogas lícitas também viciam gente e estas que estão dentro da lei são piores porque todo mundo vê e aceita. Eu comecei com vinho, depois usava charuto e entrou, saiu encarnação as coisas foram ficando piores. A cada existência as drogas mais pesadas e eu provando e gostando. Não vicia só o corpo, vicia o Espírito entendeu?

Então não fala pro seu filho acender seu cigarrinho ou pegar a sua lata de cerveja pra você não. Por favor. Você que aponta o drogado e fala que a justiça devia punir seriamente também devia pensar em punição pros pais que levam o vício pra dentro de casa. É tudo muita hipocrisia gente. Vamo acorda que chegou a hora. É todo mundo igual. Tudo devendo. Eu? Faço tratamento e nem sei quando vou poder voltar, mas com certeza irei com um problema físico pra não chegar nem perto da droga porque só assim. Se eu tiver condições vou querer provar só um pouquinho e pro viciado já viu né? O pouco nunca basta. É isso. Conscientização e fé pra vocês aí. Abraço.
Marcondes
29/01/17

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Similaridades, às vezes, acontecem. Nós fomos idênticas. Traços perfeitos que nos caracterizaram como gêmeas univitelinas. Tudo com um propósito simples. Nós devíamos nos unir. Aprender a nos amar. Sermos realmente próximas e perdoarmos nossas diferenças e todos os atritos que tivemos no passado.

Isso acontece com muitos irmãos, mesmo os que não são gêmeos. Deus é tão misericordioso que permite os laços de sangue e a união familiar para que possamos conviver com proximidade. Para que possamos passar por provas de família e, assim, exercitarmos o nosso potencial de doação no lar.

Nós podemos amar desta forma. Cada um que observa o seu irmão diariamente pode perceber nele os bons sentimentos que ele tem. Daí, poderá nascer uma admiração e o desejo de estar perto dele. Nasce o amor. Já perceberam como os irmãos têm fortes ligações? Eles têm que dividir. Eles têm que ser caridosos uns com os outros.

Já começam dividindo os pais, os outros irmãos, os brinquedos, a casa, enfim o mundo de coisas daquele lar. Foi assim comigo e com a Bel. Antes de nascermos dividimos o útero da mamãe e lá já havia uma estranha vontade de sumir e não permanecer ligada àquela energia que tanto me irritava. A mamãe passou mal toda a gravidez, quase não podia andar e teve problemas graves de saúde. Ela teve que ficar de repouso porque senão poderia abortar a gente. Eu sei que a gente não se suportava por causa do que fizemos no passado.

Coisas muito graves que ocasionaram no desencarne de uma ou outra em existências sucessivas. O fato é que nascemos e durante toda a infância nos repelimos. Não desejávamos estar juntas. Éramos estranhas gêmeas e eu odiava ver no meu rosto, o rosto dela.

A gente não pode falar pra ninguém que não gosta da irmã porque é horrível, mas foi assim. Eu preferia que qualquer um fosse meu irmão. Eu tinha amizade com todo mundo, mas não com ela. A gente discordava de tudo e não conseguia conversar.

Seu relato me chamou a atenção. É assim mesmo, mas uma coisa eu digo: tudo é perfeito na lei de Deus. Só o tempo e as circunstâncias da vida aproximam os desafetos. O Pai conhece os filhos e sabe de nossas necessidades evolutivas. Eu não amei minha irmã nesta vida. Desencarnamos brigadas por causa da herança de nossos pais.
Quando estive em peregrinação na região umbralina me dei conta de uma estranha presença que me fazia lembrar do lar em que fui amada. Quando tive um lampejo de clareza mental vi a Bel. Ela cantou pra mim a música que a mamãe cantava.

Meus pais estavam próximos, mas a Bel me tirou de lá nos seus braços. Ela me embalou como um bebê. Eu agradeci muito a minha irmã e naquele momento acendeu uma luzinha dentro do meu peito que era o amor que brotava pela Bel. Todo mundo pode se amar e despertar para o próximo por mais que os sentimentos estejam desgastados, basta querer. No fundo todo mundo é igual. Hoje estamos bem. Eu adoro minha irmã. Não, eu a amo. E sou agradecida a Deus que me permitiu ter experiências dentro e fora da carne pra aprender o quanto ela é maravilhosa.
Com carinho Irene.
29/01/17

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Eu caminhava tanto e não chegava a lugar nenhum. Um cheiro forte não saia de perto de mim. Era como cheiro de lixo. A dor na perna ardia e eu chorava. Não conseguia pensar em muita coisa porque a dor me fazia perder o juízo.

Era uma paisagem horrorosa e não tinha ninguém comigo, nada. Eu não sei do tempo. Não sei. Mas de repente começou a clarear e a perna não doía tanto. Eu fui me sentindo um pouco melhor e as minhas recordações começaram a me fazer questionar: por que eu estava ali e onde estavam os que eu conhecia?

Eles pararam de chorar e começaram a orar. A oração é luz, é vida e esperança para todos. Quando oramos nos ligamos diretamente ao plano espiritual, a Deus, Jesus ou aos seus emissários e daí também nos ligamos com o motivo da oração, ou seja, meus familiares se ligaram a mim e eu recebia todas as emanações de energia que eles queriam me enviar.
Eles nem tinham informações pra saber que foram os responsáveis pela melhora que apresentei. Na verdade eles oraram porque estavam tão condoídos com minha partida que era a única coisa a fazer. Ainda bem que nós temos isso dentro da gente.

A essência divina e a lembrança que temos do mundo invisível nos permite tudo isso. A intuição de que é tudo verdade nos faz ligar e orar pedindo auxílio e pode ver que a gente sempre fica melhor depois que ora. Eu me reergui com as preces dos meus familiares. Queria muito que eles soubessem o quanto eu estou bem. Queria que eles soubessem que eu me arrependo de tantas coisas, mas principalmente de não ter participado das reuniões familiares. Quando se é adolescente se deseja descobrir o mundo e se esquece que o mundo está em nós e nos nossos semelhantes. Eu na soube aproveitar bem a oportunidade que tive. Não desejava causar o mal, nem o sofrimento. Sou grata por tudo o que recebi de todos. Eles não deviam se preocupar tanto com quem partiu porque Deus sempre cuida de todo mundo, até deles.

Vê como foi bom o relacionamento do Carlinhos com a Leda, nasceu o Afonso e ele encheu a casa de alegria. Eu vi. De vez em quando vejo daqui porque ainda não posso sair. Mas tá tudo bem viu? Se alguém puder se comprometer com isso eu agradeço. Que Deus abençoe todos os lares.
Lisa
29/01/17

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Vamos seguindo fazendo as besteiras que damos conta de fazer porque um dia chega a hora de resgatar. Todo mundo resgata. Todo mundo. Eu também achei que fosse imbatível. Fazia o melhor pra mim e nem sofria quando alguém me pedia ajuda porque se fosse me desgastar, nem pensava.

Vivi assim. Eu casei, tive filhos e sempre falava para eles que não era pra cair na besteira de se fascinar ou ficar fanático como esse povo que quer salvar o mundo. Ensinei assim e eles aprenderam bem. Eu até apontaria o dedo pra você se estivéssemos na mesma situação. Na carne. A questão é que eu tive que aprender sentindo na pele. Fui envelhecendo e precisei de cuidados dos meus filhos que já eram adultos e eu não recebi o rim que precisava porque eles nem quiseram saber se podiam ser doadores. Aprenderam bem o que ensinei, então precisei fazer tratamento constante com hemodiálise. Depois disso minha esposa desencarnou e quando eu precisei de cuidados dos meus filhos, eles preferiram me colocar num asilo porque eles não tinham tempo pra cuidar de mim.

 Tudo ficaria muito complicado, levar um velho pra casa e a esposa ter que cuidar. Nem pensar no assunto. Ninguém cogitou. Eu fui internado e morri sozinho. Não tenham pena. Eu colhi só isso. Vejam como as pessoas aprendem o que ensinamos. Eu falei a vida toda pra serem assim e eles mostraram que aprenderam direitinho. Devemos tomar o máximo de cuidado com a forma que falamos com todos. Com a forma que nos portamos na sociedade porque, algumas vezes, podemos achar que ninguém está observando, mas sempre tem alguém olhando o que estamos realizando de bom ou de ruim. Eu me arrependo muito do jeito que ensinei meus meninos porque eu os prejudiquei. Não devia ter feito isso. Não tem receita pra educar só o pai sabe, só a mãe sabe e mais ninguém. Hoje eu penso que o filho é colocado na tutela do pai de forma que o pai saberá encaminhá-lo, mas exige esforço, trabalho árduo.

Ninguém sabe quem é este ser que te chama de pai. Pode ser o amor da sua vida, a sua salvação ou um antigo rival. Jesus ensinou o amor e o perdão. É isso, seguir Jesus e deixar que Deus permita que sejamos melhores hoje do que fomos ontem. Com vontade de fazer o bem a gente pode acertar. Boa sorte pra vocês.

Honório   

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