Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“TODO MUNDO SENTE. ATÉ UM BICHO SENTE A
INDIFERENÇA E A REPULSA”
Eu
tentava me concentrar, mas era difícil. Qualquer coisa chamava minha atenção.
Um simples inseto ou o raio do sol fazia com que desviasse do que era realmente
importante. Alguns se irritavam com isso e se afastavam de mim. Meu irmão mais
velho insistia que eu deveria me ajustar, eu deveria me concentrar para que
pudesse fazer parte da sociedade, mas eu nem entendia o que ele queria dizer
com aquilo tudo. Pra mim a vida era tão simples. Eu ficava feliz com a mamãe.
Eu ficava satisfeito só de estar perto dela. Sentir o cheiro, ver o sorriso. Se
ela me abraçava, então, eu ganhava o dia. Era tão gostoso o abraço dela que eu
sentia o peito transbordar de emoção.
Acho
que foi uma boa encarnação. Quando se é privado de algumas faculdades
intelectuais, desenvolvemos outras habilidades. Eu fiquei muito mais sensível,
aí entendi porque fui portador de Down.
Claro que a gente sente a diferença, sente a rejeição. Todo mundo sente, até um
bicho sente quando não está sendo bem recebido em casa. Até um bicho sente a
indiferença e a repulsa.
Por que é que as pessoas pensam que as
outras pessoas são tão estúpidas?
Eu
senti dos meus familiares a vergonha que eles tinham de mim e sei que eles não
me queriam nas festas de família. O Natal era sempre difícil e, por isso,
quando alcancei a adolescência, minha mãe achou mais prudente que ficássemos em
casa. Eu senti porque adorava as festas, mesmo que sentisse a rejeição, elas
eram boas porque eu via gente bonita e graciosa. Eu adorava uma amiga do meu
irmão e ele detestava saber disso. Eu gostava tanto dela que acabava criando
ambientes embaraçosos, mas a moça foi sempre tão simpática... Minha mãe
percebeu e nos afastamos.
Meu
irmão se casou com ela anos depois e eu nem mesmo fui ao casamento. Eu sempre
gostei do Alfredo. Para mim ele era
um herói. Eu imaginava que a qualquer momento ele sairia do guarda-roupa com a
roupa do super-man. Olhava para ele e ria, meu irmão ficava revoltado porque
achava que eu zombava. É uma pena porque as pessoas acham sempre que pensamos o
pior delas. Eu tinha orgulho dele e ele me afastou de sua convivência. Eu sinto
que o preconceito fez com que ele se distanciasse de mim e eu ainda o amo.
Queria que soubesse que ela era muito mais feliz quando eu estava ao seu lado.
Nossa mãe preferia ter de cuidar de mim, do que sentir minha falta. Eu não te
culpo por nada, mas peço que esteja presente na vida dela agora que eu parti.
Com carinho.
Manoel
03/12/17
---------------------Paula
Alves--------------
“MAL
DA SOCIEDADE ACHAR QUE NINGUÉM É RESPONSÁVEL PELO SOFRIMENTO ALHEIO”
Eu
teria feito tudo de novo. Não imaginava que seria difícil. Quando me casei
pensei que a vida seria simples, mas feliz. Foram tantas situações
angustiantes. Foram tantas tristezas. Meu esposo sem emprego, eu grávida. Aí
perdemos a casa porque quando você não tem dinheiro, as pessoas logo te colocam
na rua.
Nunca
teve ninguém e sabe por quê?
Porque
parente que não vê o quanto você pode beneficiá-lo não te quer por perto. Eu
tinha família e família grande. Tinha mãe, pai e irmãos, tios e sobrinhos.
Alguns moravam perto, outros distantes. Naquela situação e ninguém pra ajudar.
Aparecia todo tipo de desculpa. Fingiram que não estavam em casa e disseram que
eu não tinha vergonha na cara de me meter com um homem que não dava conta de
criar a família, o que eles tinham a ver com isso?
Não
tinham nada a ver não. Mal da sociedade achar que ninguém é responsável pelo
sofrimento alheio.
Já pensou se todo mundo ajudasse?
Se
um ajudasse o outro no momento de dificuldade?
Já pensou se você estivesse no meu lugar?
Por
causa disso tudo fomos pra rua. E a rua é o fundo do poço. Sabe por quê? Porque
ninguém quer dar emprego pra quem não tem endereço ou pra quem fede. Ninguém
quer abrir a porta pra quem não lava o cabelo ou anda com roupa suja e
amarrotada. Eu ainda sinto revolta dentro de mim. Por causa disso o Léo morreu.
Na rua apareceram uns marginais e quiseram me molestar. Meu marido nunca
permitiria uma coisa dessas, me defendeu e levou um tiro. Eu fiquei sozinha na
madrugada vendo meu marido morrer sem socorro nenhum.
Sabe por quê?
Porque
ninguém abre a porta da casa quando alguém pede socorro de madrugada. Todo
mundo tem mania de achar que quem tá na rua, ta na rua porque quer. Porque
escolheu e é malandro, é delinquente. É muita revolta sim. Saber que isso
acontece o tempo todo e eu não queria que ninguém passasse nem a metade do que
eu passei. Depois disso fui pro abrigo porque tava grávida e foi mais fácil.
Arrumei emprego de doméstica porque pobre só serve pra serviço pesado mesmo.
Trabalhei
a vida toda pra sustentar meu filho que era a cara do pai e foi por ele que eu
remei contra a maré e não desisti de viver. Eu vivi com raiva do mundo e
entendo que ainda tenho que aprender muita coisa, mas sabe? É complicado quando
você já tem suas provas e ainda recebe não de todos os lados. Entenda que tinha
que passar por uma série de coisas dolorosas, mas elas poderiam ter sido
aliviadas se nós tivéssemos recebido uma mão amiga. Um apoio. Isso teria feito
toda a diferença.
ELIZETE
03/12/17
---------------------------Paula
Alves-----------------------
“AQUELE
QUE SENTE NO FUNDO DO PEITO O CHAMAMENTO DE DEUS QUE NÃO SE DEIXE CAIR”
Às
vezes, dá este aperto no peito. Uma agonia como se nada tivesse solução. Eu
ainda sinto vontade de chorar. Eu tentei tanto e nunca fui ouvida. Será mesmo
que as pessoas pretendem mudar? É da boca pra fora. Falar de bondade é fácil
demais. Difícil é colocar a mão na ferida, na sujeira. Perceber que a gente
pode ajudar necessitado é fácil, mas deixar de ir pras festas?
Quem
topa isso?
Eu
tentei pregar. Eu tentei seguir. Eu gritei pra Deus. O que o Senhor quer de
mim?
Ser
a Tua serva Pai?
Mas,
eu não sou nem um cisco de Jesus. Minha fé é tão mísera Senhor que eu me
transformei num vacilo de serva. Perceber quanto a falcatrua paira por aí. E as
pessoas não têm nada de sublime. Eu pequei em nome de Deus porque me deixei
desviar do compromisso pelo qual fui colocada na Terra mais uma vez.
Já
fui freira, médium e agora missionária. Tudo temerosa. Tudo vacilante. Aquele
que sente no fundo do peito o chamamento de Deus que não se deixe cair. Prosseguir com esperança porque vem do céu
o auxilio. Nunca faltará espaço pra pregação. Nunca faltarão ouvidos.
Semente que deve ser plantada como o semeador. Tentar produzir cem por um exige
esforço e perseverança.
Eu digo que é melhor ouvir as chacotas dos arrogantes. É melhor
erguer a voz pros autoritários. Pregar pra quem quer e quem não quer.
Levar a palavra, levar a verdade. É melhor do
que voltar pra cá se sentindo um nada como eu. Eu me sinto fracassada porque
tudo o que eu sentia era real e eu deixei de lado pra viver no conforto do meu
lar. Eu deixei as privações de um serviço cristão pra me comprometer com noites
bem dormidas e um lar bem arrumado. Eu me entreguei às facilidades e poderia
ter me esforçado um pouco pra fazer uma bela tarefa em nome do meu Senhor. Não
vacilem irmãos. Seguir o Mestre exige sacrifícios, mas é tarefa honrada. Tarefa
de alegria inenarrável. Eu me coloquei à disposição de seguir na fé mais uma
vez. Estou me preparando para triunfar. Conseguirei. Não se permita desistir irmã.
Se você sente que este é seu papel, siga! Os bons Espíritos irão te guiar.
Cordialmente.
CELESTE
03/12/17
-------------------------Paula Alves------------
“NÃO HÁ PRAZER MAIOR DO QUE SERVIR NA
EDUCAÇÃO”
Eu
fui professora durante toda minha vida. Desejei ser professora toda minha
infância e consegui. Como eu fui feliz. Ver o sorriso no rosto das crianças que
conseguem ler a primeira palavra não tem preço. Eles levavam mimos pra mim.
Eram flores colhidas pelo caminho até chegar à escola. Frutas ou biscoitinhos
que as mães preparavam. Eram carinhosos. Vejo tantos casos onde os professores
reclamam. Compreendo as dificuldades atuais. Realmente na minha época não era
assim, mas mesmo mediante a transformação da sociedade, acredito que a
oportunidade que têm de ensinar é maravilhosa. Alguns dizem que detestam crianças.
Como pode um professor não gostar de
criança?
Outros
dizem que o salário é pouco, a jornada de trabalho intensa. Vejam, meus irmãos,
cada um de nós assume o local exato para atingir a evolução. Se formos mansos e
pacíficos, a pedido do Mestre, conseguiremos enxergar melhor todas as coisas.
Existem tantos em situação tão pior. As crianças mesmo. Elas estão em situação
bem desconfortável. Algumas delas têm uma vida bastante difícil no lar e na escola
se sentem excluídas. Toda a sociedade deveria se apoiar para cuidar do futuro
das crianças. Eu sempre pensei que minha tarefa possibilitava impulsionar a
vida delas. A educação moral deve ser responsabilidade dos pais, mas os
professores também são exemplo. Por admiração à minha professora, eu desejei me
tornar professora e consegui. Eu a idolatrava. Pra mim, ela era a pessoa mais
inteligente, bela e graciosa de todas.
Por que hoje em dia são tão
desrespeitados pelos alunos?
Todos
sentem o amor que emanamos, quando emanamos. As crianças e até as plantas podem
sentir quando nos aproximamos desejando o seu bem. Tudo o que emanamos volta a
nosso favor ou não. Devemos ser agradecidos a tudo o que temos. Todos os
presentes de Deus devem ser agradecidos e não ficarmos na lamúria. Isso é
ingratidão. Abençoados sejam os professores comprometidos com as causas nobres.
Abençoados sejam todos aqueles que, mesmo contra o sistema falível, trabalham
com amor, espalham a esperança e fornecem, além da educação disciplinar, também
o exemplo de homens e mulheres de bem. Que é papel de todo cristão.
Atenciosamente.
TIA
SUZI
03/12/17
------------------Paula Alves--------------------
------------------------Paula Alves------------------------
------------------Paula Alves--------------------
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“AS PESSOAS DEVERIAM SE APOIAR NOS BONS
SENTIMENTOS SEMPRE”
Foi
há muito tempo, mas ainda existe a mesma dor, a mesma tristeza. Eu a adorava.
Sentia uma ternura especial por ela como se fosse minha irmã. Nunca pude
imaginar que ela pudesse me ferir. Nós fomos amigas durante toda a infância e
na adolescência nos apaixonamos pelo mesmo garoto. Isso fez com que ela me
hostilizasse, mas eu preferia estar com ela do que disputar o garoto com ela.
Pena que minha amiga não pensava assim.
Ela
me via como uma adversária. Numa tarde qualquer, o Augusto resolveu me esperar
na saída da escola e ela nos viu conversando. Eu me preocupei com o que ela
iria pensar, mas foi terrível. Ela foi dormir na minha casa e preparou uma
covardia pra mim. Ela me esperou dormir e colocou ácido no meu rosto. Eu sofri
muito e, talvez mais, porque vi os olhos dela enfurecidos naquela noite. Meus
pais ficaram transtornados, levaram o caso para as autoridades, mas nada foi
pior do que me ver no espelho. Constataram que minha amiga Letícia tinha alguns
problemas psicóticos. Eu não sei definir a minha tristeza. Meu rosto ficou
distorcido.
Só
então, percebi o quanto era vaidosa. Eu me achava bela e gostava de ver minha
imagem no espelho. Depois disso, não quis mais ver. Eu nunca me casei, não tive
namorados. Acredito que isso mudou minha vida porque eu não socializava de
tanta vergonha. Minha vida passou em vão. Quando cheguei aqui, alguns
mencionaram que naquela noite minha amiga foi envenenada por entidades que
desejavam me punir por erros do passado. Coisas que fiz e que, por falta de
perdão, desejavam me prejudicar. Como minha amiga estava sentindo ciúmes e
inveja de mim, ela se deixou contaminar por suas influências. Eu acredito sim
em tudo isso.
Outras
pessoas me explicaram que eu deveria passar por tudo para aprender a valorizar
outros atributos que possuo, mas eu não percebi e não valorizei nenhum deles
porque eu me enclausurei e não quis mais me envolver com o mundo. Eu creio
também, mas por que o sentimento de amizade que nos unia não conseguiu ser mais
forte do que tudo o que foi ruim?
Sei
que isso acontece todos os dias, acontece tanto. As pessoas deveriam se apoiar nos bons sentimentos sempre, mas
infelizmente se deixam levar por suas más tendências e elas ferem, fazem
sofrer. Eu não vi mais minha amiga. Ainda sinto saudades dela. Eu a prejudiquei
no passado e ela não me perdoou, senão não teria me feito tudo isso. Eu sinto
muito porque ainda não consigo apagar esta cicatriz. Isso porque os sentimentos
ainda não foram restaurados. Que pena!
LEANDRA
10/12/17
----------------------------------Paula
Alves----------------------------
“FALAR PRA VOCÊS QUE BOM É FESTA DE
POBRE”
O
vestido ficou do jeito que eu sempre sonhei. Não tínhamos dinheiro, mas nós
todas fizemos tudo direitinho. As vizinhas doaram alguns enfeites, renda e
quando eu notei, ele estava pronto. Lindo! Branquinho de tudo com véu e
grinalda. Era tudo tão caro, mas o papai queria que ficasse lindo e ficou.
Meu
noivo estava tão entusiasmado e convidou todo mundo pra dançar na varanda de
casa depois de colocarmos as alianças. Era tão simples, mas preparado com o
maior carinho pelas mães. A minha sogra foi um amor. Engordou um porco e fez
pra comemoração. Falar pra vocês que bom é festa de pobre. Todo mundo contente
esperando a festa e quando o padre chegou foi uma alegria só. O bendito padre conhecia
a gente desde pequenininho e todo mundo torcia pra dar certo. Deu certo mesmo.
Não
esqueço os olhos dele cheios de lágrimas. Ô homem chorão meu esposo. Matias foi
bom por demais. Eu nem acreditei quando ele me deu aquele beijo. A gente não
podia se beijar antes do casório não. Nunca como os dias de hoje. As meninas
tão reservadas, tão prendadas. Mãe ensinava a fazer tudo, engomar, passar no
ferro de brasa. Fazia bordado e pão. Tudo e limpava a casa de chão de terra
batida, ficava bem limpa. Homem bom o Matias. Ele esperou até o padre falar pra
beijar e quando tocou os meus lábios... Que emoção! Eu nem sei por que, mas eu
senti que era ele. O amor da minha vida. Ah! Doutor.
Ele
é o amor de todas as minhas vidas. Como eu me preocupo com o Matias. O senhor
me entende? Pensar que a gente morre e que acaba as preocupações é bobagem. Eu
preferia quando tava pertinho dele. Perto do meu véiu. Eu sei que não posso
sair. Sei que não tenho permissão e que é perigoso pra uma senhora ficar
zanzando, mas eu não sei como é que ele tá?
Não
sei porque aqui ninguém da notícia.
Eu
só queria dar uma olhadinha. Isso ta me enlouquecendo. Eu que cuidava dele
porque aquela diabetes é bicho teimoso e ele é mais teimoso que ela porque o
danado adora um doce.
O
senhor já pensou, ele comendo doce?
O
meu amor por este homem é maior até que a morte doutor. Eu não queria que ele
sofresse, só isso. Fiquei na casa por doze anos depois que morri. Fiquei porque
não sabia nem o que tinha acontecido. Fiquei porque lá é minha casa e a minha
gente tava lá, mas tá bom eu tinha que me retirar. Vim pra cá porque entendi
que as meninas estavam se sentindo mal. A menininha me via coitadinha. Era uma
netinha de nove anos que chorava de medo de mim.
Nunca
que eu ia querer fazer mal pra minha gente e nem pra ninguém. Eu nem sei como
fazer o mal doutor. Agora to aqui e nem sei o que fazer. Eu to bem melhor. Não
tem mais dor, só preocupação. Eu sei que quando a gente morre as pessoas
sofrem, mas vai ser bom a beça quando o Matias vier pra cá.
ANTÔNIA
10/12/17
----------------Paula
Alves-----------------------
“BASTA TER OLHOS PRA VER E OUVIDOS PRA
OUVIR”
Eu
estava com a cabeça cheia de tanta dívida. Eu queria esquecer dos dias ruins e
ficar em paz ao chegar em casa, mas era impossível porque eles desejavam as
coisas, eles me lembravam. Minha esposa reclamava da televisão ou do sofá,
queria reformar a casa. O menino queria viajar com os amigos e minha filha
querendo um sapato novo.
Como
eu poderia me esquecer das dívidas e que precisava ganhar mais? Eu queria falar
pra eles que não tinha. Eu queria explicar que já estava ficando cansado,
estava exausto de competir. Eu não achava que precisava ter mais do que já
tínhamos. Eu nem tinha tempo de me sentar no sofá velho e teria menos tempo de
sentar no sofá novo.
Ela
não entendia que tínhamos uma vida boa se comparar com a maioria e tudo o que
eu queria era ter paz. Ela nem me ouvia. Eu chegava em casa e ninguém nem dava
boa noite e eu cansado. Teve um dia que eu fui dormir sem tomar banho e minha
esposa nem percebeu. Meu patrão percebeu porque no outro dia perguntou se eu
não tinha mais gilete em casa. Que vergonha! Mas, não deu tempo de barbear.
A
questão toda foi tendo uma crescente, ainda mais quando minha filha falou que
estava grávida. Como eu poderia sustentar um bebê?
Eu
nem sabia que minha filha já tinha vida sexual. Sei lá. Acho que tem gente que
vive uma vida medíocre mesmo. Eu não tinha futuro do jeito que estava. Eu não
senti amor, nem sei se amava. Nunca pensei em Deus e nem no que vem depois da
morte e, por isso, quando percebi estava com um vidro de veneno na mão. Tudo
era tão certo. Fui para o ponto de ônibus e apenas aguardei porque poderia por
um fim naquela angústia, assim que chegasse em casa.
Encontrei
uma senhora tão simpática que me fez lembrar a mamãe. Ela olhou pra mim e disse
que o ônibus que ela estava esperando tinha acabado de passar. Por coincidência
era o mesmo ônibus que eu precisava. Ela disse que teríamos que conversar e
disse tantas coisas. Parecia que ela sabia da minha vida e sabia que eu estava
pronto pra acabar com tudo. Ela falou de dor, de fé, de esperança e falou do
Mestre. Me apresentou Jesus tão forte e sábio. Me mostrou um Jesus que eu nem
sabia que existia e quando nosso ônibus chegou nós deixamos que ele partisse e
continuamos nossa conversa. Eu fiquei horas com ela e mostrei o veneno. Ela se
esforçou pra me informar, pra me orientar e eu saí transformado.
Não
sei o quanto aquela mulher estava tocada pelo Senhor, mas acredito que Ele a
enviou para que eu desistisse porque eu não podia partir naquele dia. Voltei
pra casa diferente e modificado, concluí que deveria seguir agradecido por
tudo. Aos poucos, fui convencendo meus familiares que obtemos presentes diários
e devemos ser gratos e não gananciosos. Recebemos o Alfredinho como um presente
de Deus e minha família seguiu nos caminhos do Senhor, desde então, eu acredito
que todos podem segui-Lo basta ter olhos
pra ver e ouvidos pra ouvir os chamamentos. Mudar de vida e agradecer.
IVO
10/12/17
----------------------------Paula Alves-----------------------
“SEMPRE É DIFÍCIL PORQUE O MUNDO CASEIRO
É OPOSTO AO MUNDO NORMAL”
Eu
nasci surdo e não posso afirmar se teria sido mais fácil se fosse como todos os
outros. As diferenças existem sempre e eu não permiti que a discriminação
fizesse parte da minha vida. Entendo que em outras existências fiz sofrer, feri
e precisei passar por provas difíceis para evoluir.
Eu
fui um médico ganancioso e não ligava para infecção, para materiais descartáveis. Eu ligava para desvio de verba, dinheiro. Muitos sofreram com minha imprudência,
com meu desvio de caráter. Eu mereci e aceitei. Claro que tudo foi mais simples
com os anjos que Deus colocou no meu caminho.
Meus
pais foram maravilhosos, minha irmã caçula um amor de criatura. Eles facilitavam,
mas não faziam minhas tarefas e isso me deu confiança e independência. Sempre é difícil porque o mundo caseiro é
oposto ao mundo normal, a sociedade amedronta porque existem pessoas de
todos os tipos e eu temia porque o mundo sem som é grande demais. Eu tinha que
prestar atenção nas vibrações, nos pequenos tremores.
Na
fase adulta já estava completamente inserido e devo tudo a família que foi meu
alicerce, minha estrutura. Foi uma bela encarnação. Aproveitei tudo o que pude
ao lado deles e depois, ainda encontrei uma pessoa fantástica que encheu meu
mundo de alegria. Daniela era tão parecida com minha irmã, tinha o mesmo
jeitinho, simpática e atenciosa. Me apaixonei, assim que a vi. Falava tão
rápido que foi difícil compreender o que dizia, mas com o tempo me acostumei.
Me casei com ela e a casa ficou barulhenta até pra mim porque tivemos quatro
filhos lindos. Tudo foi perfeito demais. Eu não fui médico, fui professor de
artes. Eu sou agradecido pelas pessoas maravilhosas que viveram comigo. Agradecido
por tudo o que elas fizeram.
Agradeço
por ter me amado, por ter me alegrado e ter cuidado de mim nos momentos finais.
Nunca estive sozinho e eu agradeço por isso. Deus foi misericordioso demais.
BRUNO
10/12/17
------------------------Paula Alves------------------------
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“AQUELE QUE TEM FÉ MOVE MONTANHAS”
Existem
muitos que dizem que não sabem seguir o caminho. Muitos afirmam que não
compreendem o plano. Pra mim estava tão claro. Eu ouvi falar do Mestre e tive a
certeza de que deveria segui-Lo. Desde novinho eu ia à igreja e sabia que seria
um padre. Minha mãe percebeu minha vocação e falou com o padre. Eu me tornei
seminarista bem mocinho. Adorava os estudos dos evangelhos e a vida de Jesus me
comovia. Ele sempre foi um ídolo pra mim. Alguém que eu desejava alcançar.
Me
tornei padre e pregava a palavra com todo o interesse. Eu sentia dentro de mim
que as palavras poderiam modificar o comportamento das pessoas. Eu desejava
tocá-las no íntimo de seus sentimentos para que pudessem se reformar. Eu sabia
que também era um pecador, eu sempre soube de meus desvios de caráter, mas a
prática do discipulado me fez controlar os impulsos de egoísmo e as tendências
negativas para me aproximar Dele.
Não
me arrependo de nada. Minha vida foi maravilhosa. Como padre pude me aproximar
de Deus e de Jesus porque me aproximei dos meus semelhantes. Eu cheguei bem
perto do sofrimento humano e compreendi as pessoas sem repulsa ou indignação. Fui
muito bem pago com o amor puro dos que se sentiram beneficiados com meu
trabalho humilde. Eu apenas agradeço. Minhas convicções trouxeram a certeza de
que somos todos iguais e que o trabalho só é edificante quando é desinteressado
e beneficia um grande número de pessoas necessitadas sem exclusão nenhuma.
Cheguei
deste lado velhinho. O corpo não queria mais continuar e percebi que não havia
morrido. Fiquei confuso, mas nem tanto porque consegui conjecturar de tudo o
que havia absorvido durante anos de estudos. Tudo é possível no mundo de Deus.
Me reencontrei com amigos leais e fui fortalecido nos ideias cristãos quando me
permitiram atuar no orbe terrestre. Atualmente desempenho minha tarefa junto à
equipe de trabalhadores que auxilia quem pede intercessão a alguns santos. É um
belo trabalho. Aquele que tem fé move montanhas. Tudo depende do merecimento e
da fé de cada um. Deus permite tudo. Deus permite que façamos bondades e eu sou
feliz por isso. Que vocês possam senti-Lo em sua infinita misericórdia e confiar
que os bons obtém o que for necessário para continuar. Abençoados sejam.
LUCIANO
17/12/17
-------------------Paula
Alves------------------
“É SABER QUE NÃO SE ESTÁ SÓ E TER CORAGEM
DE CAMINHAR”
As
crianças que não tinham nenhuma perspectiva. Elas não confiavam no bem e não
tinham esperança porque eram judiadas, muitas vezes, por seus genitores. Era
muito triste e em determinadas circunstâncias, nós não sabíamos como poderíamos
acessá-las. O que seria possível para que pudéssemos nos aproximar delas. Eu me
lembrei que minha vó contava as histórias de Jesus e eu me sentia tão bem.
Devia ter uns sete anos e eu ficava imaginando aquele homem andando e
conduzindo muitas pessoas que ficavam felizes com ele, com suas curas e seus
resgates.
Me
lembrei das histórias e passei a contar para elas, para me aproximar delas. Eu
não era membro de nenhuma igreja. Eu era assistente social e me impressionei
com todo aquele mundo. O quanto Jesus podia curá-las. As crianças acreditavam
Nele, elas confiavam tanto que passaram a confiar em mim também. Enchiam os
olhinhos de esperança e falavam confiantes. Acho que eu fui tocada pela mão do
Senhor naquele dia. Acho que fui tão bem sugestionada porque me deixei levar
pela lembrança da vó e isso fez com que as crianças se sentissem bem,
tranquilas.
Depois
de tudo isso, eu percebi que tinha necessidade de estudar a Bíblia e também dar
a minha contribuição para disseminá-la. Foi o que eu fiz e depois de anos de
estudos, eu comecei meu trabalho de divulgação para crianças. Eu adorava
evangelizar. Meu mundo mudou tanto. Se tornou um mundo colorido e feliz. Quem
mais acreditava na espiritualidade era eu. Quanto encantamento! Independente de
qualquer religião, o importante é crer e se comprometer com a propagação da
palavra. E obter ânimo para conduzir sua vida em meio aos problemas materiais.
É saber que não se está só e ter coragem de caminhar.
Se
não deu certo hoje, fazer melhor amanhã e ter a certeza de que uma hora vai
fazer perfeito. Sempre pensando no bem coletivo e em agradar a Deus. Sempre! Eu
ajudei a divulgar a palavra enquanto estava encarnada e quando cheguei aqui
pude participar de mais trabalhos iluminados. Tive a permissão de trabalhar no
grupo que ajuda os encarnados a evangelizar. Quanta alegria meu Deus! Que
bendita oportunidade. As crianças lindas e seus evangelizadores que se revestem
de bondade para pregar na linguagem infantil. Eu adoro meu trabalho e agradeço
ao Mestre tudo o que aprendo com todos. Graças a Deus.
ÍTALA
17/12/17
--------------------Paula
Alves-----------------
“À
MEDIDA QUE CONHECIA O MESTRE, ME APROXIMAVA DO CRIADOR”
Claro
que eu não acreditava. Era muita baboseira pra mim. Chegava a me irritar quando
passava na porta de alguma igreja e a pessoa olhava pra mim me convidando pra
entrar.
Por
quê? Eu estava com cara de necessitado?
Não.
Nada tinha explicação convincente e eu não queria ser castrado. Gostava da
minha cervejinha e de dar umas voltas por aí, mesmo casado. Aí você se envolve
em religião para ouvir falar que não pode. Nada pode. Eu não queria isso pra minha
vida e nem permitia que minha esposa se ligasse com religião.
Também
porque no início tudo é bondade e depois vem pedindo ajuda pra igreja e
arrancam o salário inteiro. Comigo não. Não deixava a Joana frequentar lugar
nenhum. E ela tinha tempo pra isso? Tinha que cuidar da casa e das crianças,
três.
Tinha
tempo? Como? Eu gostava de tudo no lugar, a casa em ordem e comida cheirosa.
Marido trabalha duro pra chegar e encontrar uma casa aconchegante e não a mulher
de joelhos, cantando hino. Pra quê? Eu não deixava, mas um dia, percebi que ela
tava meio apagadinha. Amuada a Joana.
Não
entendi e perguntei o que ela tinha, ela nem respondeu, tava fraca a coitada.
Eu achei que era tristeza porque eu nunca mais tinha levado minha família pra
passeio, saía sozinho. Combinei com ela que as coisas iam melhorar e ela
sorriu. No outro dia, acordei com ela gemendo e estava suando frio, febre
altíssima, corri com ela para o hospital e o médico falou que tinha que operar
urgente. Era apendicite e ela estava correndo risco de morrer. Eu desesperei,
nem sabia que amava tanto aquela danada. Pensei nos nossos filhos, eu criando os
três, sozinho, como seria? O que eu iria fazer?
Fiquei
com vergonha, mas me lembrei Dele. Fui até a capela e pensei em orar, olhei para
os lados e não tinha ninguém. Eu estava com vergonha porque nunca mostrei
consideração e agora ia pedir. Mas eu me lembrei dela e ajoelhei, pedi e
implorei pra Ele salvar minha esposa. Eu falei pra Ele que iria mudar, se
preciso fosse. Eu jurei que ia mudar, se ela ficasse. Eu sei que foi errado
porque eu barganhei com Deus, mas naquela época eu era tão ignorante.
Ele
me conhecia e sabia de tudo o que iria acontecer, me permitiu continuar. A
Joana se salvou e quando eu voltava pra casa, passei na frente da igreja.
Quando o moço falou pra entrar, eu entrei e glorifiquei a Deus. Abandonei meus
vícios materiais no ato e os morais estou me esforçando, desde então. Foi muito
bela a transformação. À medida que conhecia o Mestre, me aproximava do Criador.
Me senti honrado em poder conhecê-Los e me entreguei totalmente à seara. Virei
pastor e trabalhei de forma digna e modesta. Eu pedi perdão à minha esposa que
sempre foi serva fiel, esposa e mãe irrepreensíveis. Agradeço tanto. muitas
vezes, Deus coloca uma prova enorme nos nossos caminhos pra ver se a gente se
dobra, pra ver se a gente muda de vida e quem sabe se torna uma pessoa melhor.
Graças a Deus.
LINDOMAR
17/12/17
-----------------Paula
Alves-----------------
“É SÓ CALAR A VOZ DO ORGULHO, DO EGOÍSMO
E DA VAIDADE QUE DÁ CERTO”
Trabalhei
no orfanato por quarenta anos. Triste, mas gratificante. Não pude ter filhos do
meu ventre, mas cuidei com todo o amor de inúmeras crianças. Como eu amei. Foi
a maior experiência de todas as minhas jornadas. Me lembro, ainda hoje, de
alguns sorrisos, de alguns rostinhos e desejaria nunca ter me distanciado deles.
Quando cheguei aqui, eu soube que muitas daquelas crianças, já haviam sido meus
filhos em outras existências. Incrível não é?
É maravilhoso perceber como a espiritualidade
se aproveita das situações para que possamos crescer e ter contato com aqueles
que nos são caros. Quando estava trabalhando nem via a vida passar. Quando
percebia, os que entravam bebês já estavam correndo pelos corredores, me
deixando com os cabelos em pé. Faziam suas artes infantis, mas eu nunca tive
coragem de maltratá-los, eu fazia careta, carranca e depois já estávamos
sorrindo. É triste a vida no orfanato porque eles ficam aguardando um lar e, às
vezes, este lar nunca aparece. Ficam aguardando um colo de mãe ou de pai e
nunca têm. Eu dava o meu amor, mas não era o bastante. Eles queriam família.
Hoje eu continuo ajudando no mesmo orfanato. Conheço todos que trabalham lá.
Adoro todos. É comum termos que desempenhar tarefas de influenciação. Alguns
pais se sentem reticentes em adotar crianças maiores e nem têm como saber que
estão abrindo mão dos próprios filhos. São os filhos deles. Crianças que foram
colocadas no trajeto deles, no plano de vida. Eles estão interligados, mas tudo
depende do livre arbítrio e eles decidem rejeitar por uma série de motivos,
medo do preconceito da sociedade, perder fases da vida da criança ou porque a
criança vem impregnada de vícios morais da antiga família. Mal sabem que a
criança está a sua espera, o plano espiritual se esmera para aproximar e eles
decidem recusar.
Depois,
não sabem por que nada mais dá certo. É porque estão cegos para as
possibilidades. Como saber o que é certo?
Pelo
sentir.
Quando
você se sente tocado em suas emoções é este o caminho. Você sente um toque de
amor quando olha pra criança?
É
ela! Não tem erro. Todo mundo pode sentir. É só calar a voz do orgulho, do
egoísmo e da vaidade que dá certo. Que
vocês possam olhar, além das aparências e alcançar a felicidade que é possível
neste mundo. Jesus abençoe.
ALBA
17/12/17
--------------------------------------------------Paula Alves--------------------------------------------
--------------------------------------------------Paula Alves--------------------------------------------
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“ELES SORRIRAM E DISSERAM QUE SEMPRE
EXISTE O QUE FAZER QUANDO SE TEM VONTADE”
Eu
tive que aguardar. Apesar, da ansiedade, esperei por alguns meses até que
saísse a liberação. Já fazia tanto tempo. Precisei me recuperar e, assim que
recebi a notificação, achei que fosse morrer novamente, mas agora de tanta
alegria.
Quanta
saudade! Eu queria notícias. Eu precisava vê-los. Me controlei ao máximo para
não desestruturar o ambiente doméstico que, outrora, me deu asilo. Meus
instrutores informaram que algumas coisas poderiam estar diferentes e que eu
deveria me conscientizar de que as pessoas têm o livre arbítrio e sempre
escolhem o caminho que acham melhor, mas eu não pensei que fosse encontrar tudo
tão mudado.
Eu
me esforcei para não chorar. Até as paredes da minha antiga casa pareciam
desgastadas demais. Sofridas, envelhecidas e mal tratadas. Meus filhos não
estavam todos ali. Minha esposa demonstrava claramente um cansaço fora do comum
e percebi que ela sofria tanto. Preparava a ceia que tantas vezes organizamos
juntos. Tudo estava mal. Eu não queria ver, eu não queria participar daquilo.
Pra mim, foi como um pesadelo porque quando se quer notícias, se almeja boas
notícias. Tudo o que eu queria era que eles ficassem bem sem mim. Que eu
pudesse vê-los unidos, sorrindo, confraternizando e se lembrando de tudo o que
vivemos, mas não foi assim. Eu nunca imaginei que estivessem naquelas
condições. Condições de pobreza e de tristeza.
Estavam
inconsoláveis minhas meninas tão lindas. Tinha também crianças por toda parte,
netinhos que eu não conheci. Eles me alegraram, tão brincalhões. Crianças se
satisfazem com o simples. Me aproximei da menorzinha e sorri, recebi uma larga
gargalhada que fez com que a Malva deixasse as panelas para se aproximar da
garotinha. Ela sentiu! Sentiu a minha presença e levantou os olhos para o alto.
- Onde
estiver eu desejo que esteja bem. Aqui nós estamos tentando. Difícil sim, mas
não impossível. Vou conseguir meu velho. Eu sinto você em tudo. Nas gotas de
orvalho. Queria que estivesse comigo, mas entendo que chegou o seu momento. Te
amo e sempre amarei você.
Ela
chorou e eu me mantive forte, sendo observado pelos instrutores. Desejei
abraçá-la e queria que pudesse ficar pra ajudar. Onde estavam os meninos? –
pensei. Eles me levaram para vê-los. Em breves instantes minha visita se
prolongou para um lugar que eu não desejava ter visto. Meus filhos metidos em
falcatruas. Coisas ilícitas. Foi terrível para mim, ver que fracassei como pai.
Eu os amei em todos os momentos. Desde o nascimento até ali sempre desejei,
apenas que fossem homens decentes. Demonstrei um exemplo de pai honesto, mas
isso não bastou?
O
que mais poderia ter feito?
Desejavam
coisas fáceis, desejavam tanto, mas pra quê? Compreendi que as notícias não
chegam rapidamente porque nem sempre podemos saber o que acontece em nossos
lares, isso apenas retardaria nosso processo de restabelecimento.
Eu
olhei para meu instrutor e perguntei por que havia recebido a permissão de
visitá-los no momento em que todos estão mal. Eu havia me fragilizado, me
condoído e não queria deixá-los daquela forma. Seria possível fazer alguma
coisa?
Eles
sorriram e disseram que sempre existe o que fazer quando se tem vontade. Desde
então, eu estou incumbido de trabalhar auxiliando minha família carnal. Um ano
se passou e eu estou muito agradecido. Existe um longo trabalho pela frente.
Acredito que um pouco já avançamos. Eles já oram, eles já creem no Mestre. Aos
poucos, estão retornando para o caminho do bem. Eu vou conseguir se Deus
quiser.
SILAS
24/12/17
--------------------Paula Alves-----------------------
“HOJE EU ACREDITO QUE PEQUENOS GESTOS
PODEM MUDAR A VIDA DAS PESSOAS”
Não
poderia me esquecer daquele Natal. Éramos tão pobres. Apenas crianças que aguardavam
por brinquedos. Na expectativa de que naquele Natal alguém se lembrasse de nós
e não tivesse medo de entrar na periferia. Eles chegaram com sorrisos e as mãos
cheias de embrulhos. Um senhorzinho trajava a roupa de Papai Noel e eu olhei
nos olhos dele e vi um sentimento tão diferente de tudo o que já havia
conhecido. Eu o admirei. Ganhei um carrinho e todas as crianças com seus
brinquedos sorriram felizes. Mas, tudo o que eu me lembrava era daquele senhor
e seu olhar de contentamento. A vida foi difícil, mas em muitos momentos eu me
deparava com aquela lembrança e isso me dava um impulso para saber lidar com as
pessoas e com as situações. Hoje eu acredito que pequenos gestos podem mudar a
vida das pessoas.
Eu
fui uma criança com esperança e alegria naquele Natal, mesmo que faltassem as
coisas dentro de casa, eu sempre aguardava esperando que alguma coisa boa acontecesse.
Eu tinha dentro de mim alguma coisa confirmando que daria certo e sempre dava
mesmo. Aos poucos, fui vivendo minha vida, estudei, trabalhei, sempre rapaz
pobre, mas com muito esforço de ser bom, do bem. Quando tive a chance, fiz como
o senhorzinho e fui entregar presentes pras crianças carentes. Quanta emoção!
O
bom é dar carinho e um presente que, às vezes, nem custou tanto assim, mas que
enche de esperança e afeto quem está recebendo. Eu percebi que isso acontece o
ano todo. Todo mundo sempre espera alguma coisa. As pessoas aguardam serem
lembradas. Querem sorrisos, bom dia, querem telefonemas, as pessoas sempre
sabem o que as outras pessoas desejam ouvir e pode ser caridade fazer a outra
feliz com palavras de afeto e cordialidade. Torna um dia difícil, um dia bem
mais leve e esperançoso. EU FIZ ISSO E APRENDI A SER FELIZ TORNANDO AS PESSOAS
FELIZES.
E
tudo deu certo, tive uma linda família, um bom emprego com amigos leais. Não conquistei
bens. Tive momentos complicados nas finanças, mas com paciência sempre os
resolvi com dignidade. Hoje continuo trabalhando e o Natal é uma data linda.
Algumas pessoas se perturbam com o Natal, mas a energia desta data é
maravilhosa e transforma corações. Estou muito agradecido.
HÉLIO
24/12/17
------------------Paula
Alves---------------
“É O MAIOR PRESENTE QUE A GENTE PODE
GANHAR”
Todo
ano era sempre igual. Eu começava cedo e tentava preparar tudo o que a família
gostava. Ficava horas na cozinha e quando os parentes chegavam eu estava toda
desarrumada, mas a casa estava em ordem e cheirando a ceia de Natal. Naquela
noite, eu estava cansada de ter trabalhado tanto, mas estava feliz de ver todos
reunidos, até que saiu a briga que nos separou. Uns copos de bebida a mais,
fizeram com que meu irmão brigasse com meu marido e eles se agrediram. Nunca
mais foi igual. Tão triste. Pensar que ninguém reparou que eu havia feito tudo
com o maior carinho pra reunir a família, para agradá-los.
Eles
nem perceberam que todos nós sofremos por causa da briga deles. Eles nem se
esforçaram para se unir de novo e, assim, levar a paz pra família. Ficamos
separados por nove anos, até que eu me feri.
Fui
atropelada perto do Natal e necessitei de internação, intervenção cirúrgica.
Estava tão mal que precisei de transfusão sanguínea, por isso, meu marido
precisou falar com meu irmão. Precisou pedir ajuda, porque senão, nem mesmo
havia comentado que eu tinha sofrido um acidente. Meu irmão correu em desespero
e doaria até a última gota de sangue para me salvar, mas a minha hora era
aquela e não foi possível me salvar.
No
Natal todos estavam inconsoláveis por minha partida, mas eu fiquei feliz quando
soube que eles se reuniram para lembrar de mim. Não pude ir, mas me informaram
que eles ficaram em paz na minha antiga casa. Os dois fizeram questão de
preparar a ceia do jeitinho que eu fazia e dedicaram aquele jantar a mim. Deus
sabe que tudo o que eu fazia era pra eles. Às vezes, a dona da casa fica dias
preparando tudo. Ela faz isso não é pra ser chamada de perfeita, é só pra
deixar feliz quem ela ama e a retribuição é o SORRISO, é o ABRAÇO, é a PAZ que tem na casa dela. É o
maior presente que a gente pode ganhar. Demorou, mas eu ganhei o meu presente
quando soube que eles ficaram em paz. Eu agradeço.
SUZANA
24/12/17
----------------Paula Alves----------------------
“MAS
O QUE É O NATAL?”
Nunca
gostei desta bobagem de Natal. Achava palhaçada. Data comercial – eu dizia.
Lojas cheias e gente se endividando pra fazer bonito. Gente que é gananciosa e
só pensa em si próprio, faz de tudo pra se envaidecer com os melhores
presentes. Ainda tem gente que é mesquinho o ano todo e no fim do ano faz cara
de bonzinho, vira agente social, vai na favela e distribui cesta básica. Tem de
tudo. Eu nunca gostei, mas o que eu tinha de bom pra julgar quem quer que
fosse? Eu era sozinho, não tinha ninguém que gostasse de mim e se não fazia o
mal, o bem também não fazia.
Realmente,
comecei a me cansar da vida como era. Reparei que tinha gente que era boa de
verdade. Mãe que ama os filhos e só quer dar uma bonequinha pra criança no
Natal. Pai que trabalha duro pra comprar uma comida melhorzinha na ceia, pra
agradar a família. Tem velhinho que faz bico de Papai Noel e que se realiza
tendo contato com as crianças. Eu percebi que não tinha só a ver com dinheiro e
falsidade. E eu também queria sentir a magia do Natal.
Mas
o que é o Natal?
Eu
pensei tanto e não consegui sentir. Andei naquela noite, envolvido com meus
pensamentos e me sentei num banco de praça. Percebi que um vagabundo se
aproximou e eu me esquivei para não ser roubado e quando pensei que ele ia
tirar uma arma, ele me entregou um pedaço de pão.
- É
Natal! Pode pegar que é de coração – falou ele.
Eu
fiquei com vergonha. Abaixei a cabeça e chorei. Até quem não tem nada, pode dar
alguma coisa. Eu conversei com ele e fez toda a diferença pra mim aquele
envolvimento com aquele estranho que morava na rua. Era um senhor que tinha idade pra ser meu
pai. Eu não tinha conhecido meu pai, mas podia ter sido ele. Eu o convidei pra
passar o Natal na minha casa e fomos. Ele tomou um banho, fizemos um lanche e
ele explicou o nascimento de Jesus. Foi um bom Natal, onde eu prendi a ter
sentimentos sinceros por uma pessoa, sem ficar pensando nas más intenções.
Eu
ajudei aquele senhor a ter uma moradia decente e a partir daí, tudo se
transformou. Achei uma mulher maravilhosa com quem me casei e em pouco tempo eu
tinha um lar de verdade. Esposa, filhos e um bom amigo. No meu Lar o Natal
vinha acompanhado do Evangelho e isso se tornou a base da minha vida. Por isso,
eu agradeço as voltas que a vida dá.
ISAAC
24/12/17
-------------------------Paula Alves--------------------
-------------------------Paula Alves--------------------
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
O QUE ME DEFINE?
COMO DISTINGUIR MINHA INDIVIDUALIDADE?
Quando
passou o torpor e todo o período em que estive perturbado, eu me vi numa imensa
sala branca. Não havia nada e nem mesmo eu tinha uma forma específica. Levou um
bom tempo para conseguir enxergar alguma coisa. Me enxergar. Eu não compreendia
como havia realizado algumas ações na última jornada. Eu não podia acreditar
que estive bem perto daqueles que amei e nem mesmo os reconheci em outros
corpos, em outras famílias. Eu simplesmente, os perdi. Eu os deixei passar como
verdadeiros estranhos. Eu poderia ter feito coisas tão importantes. Eu tive
tempo e tive oportunidades valiosas. Eu desperdicei com tolices.
Tudo
tão à toa que chorei. Senti que me procuravam após minha partida. Por que não
estavam presentes enquanto eu estava ali sentado no sofá da sala?
A TV
ficava ligada o tempo todo, mas ninguém para conversar. Eu senti falta de uma
conversa. Eles me viam, mas ninguém se importou e quando eu parti estava
sozinho como sempre. Eles sentiram a minha ausência, sei que me amam, mas não
poderiam me reconhecer porque não sabem de mim, dos meus anseios e das minhas
carências. Eu não os culpo. Acho que não utilizei bem meu tempo e não poderiam
perceber que sou eu, nem mesmo agora. Acho que a assinatura é desnecessária
porque meus parentes nunca saberão que sou eu. Coloque apenas um S. Está muito
bom. Eu queria que me identificassem porque desejo que saibam que eu sinto
muito. Eu ainda tenho que me desculpar com eles por tudo o que deixei de fazer.
Pelos abraços e sorrisos que não dei. Eu não conversei o que deveria. Eu não me
interessei.
Eu
magoei por orgulho e isso não se faz. Eu não sabia que sofriam, mas agora eu
sei de tudo. Eu me arrependi porque eu os amo. Todos sofreram, meus filhos,
minha esposa. Eles estavam lá, mas lá foi tão distante que doeu. Acho que nos
reencontraremos porque o mundo pode ser pequeno demais. Eu cheguei aqui e
reencontrei tanta gente. Gente boa que passou por mim e sorriu. Encontrei gente
de tanto tempo atrás, de vidas atrás. Gente que é útil e mudou de vida. Todo
mundo pode mudar. Eles mudaram e me fizeram perceber que a gente muda de
verdade quando deseja.
É,
eu acho mesmo que eles não vão me reconhecer, mas de qualquer jeito eu sou
muito agradecido por tudo o que vivi com eles. Prefiro não deixar meu nome,
deixarei uma palavra. Gratidão. Por tudo e também pelo sentimento que eles irradiam
pra mim. Mesmo de longe eu sinto amor. GRATIDÃO
30/12/17
---------------Paula
Alves------------
MORRER DE TRISTEZA PODE?
Pobre
não é sinônimo de burrice, nem de falta de escrúpulos. Eu fui pobre, negro e
muito trabalhador. Não tive oportunidades de fazer riqueza e nem era pra ser
assim, mas recebi minha família com amor e tentei criar todo mundo com
dignidade. Minha esposa foi super decente, amorosa, me ajudou em tudo e todos
aqueles filhos foram chegando com carinho. Recebemos e tratamos de cuidar, mas
os tempos foram mudando – eles diziam. Justificaram uma total falta de respeito
e tolerância para a criminalidade. No nosso tempo também tinha furto, drogas e
marginais, mas nunca dentro da minha casa. Envelhecer e perceber que seus filhos
se acham donos da verdade. Eles te desrespeitam na sua casa e comprometem a
integridade de toda família em troca de notas, isso é muito triste. Invadiram
minha casa, destruíram tudo e eu ainda levei um tiro pra defender meu filho.
A
revolta que nasceu dentro de mim, fez com que eu ficasse um longo período em
regiões inferiores. Demorou pra ser resgatado e quando eu cheguei aqui soube
que minha velha tinha morrido de tanta tristeza. Morrer de tristeza pode? Com certeza gente. Entope tudo por
dentro, todos os canais de energia e a doença logo vem. Uma mãe excelente que
deveria ser respeitada, morreu abandonada no lar, ninguém pra socorrer. Eu
ainda amo meus filhos. Pensar que tudo aconteceu por causa de inveja, de
ganância. Porque meus filhos foram ingratos com o Pai Maior. Meus filhos não se
contentaram com a vida que tinham. Eles não se contentaram com os planos de
Deus. Quiseram mais, quiseram ter tudo sem o menor trabalho, passando por cima
de qualquer um. Eu sinto muito porque me sinto responsável por eles e se for
assim, eu fracassei como tutor.
Dei
exemplos e afetos, mas pra quê? Estou aqui tendo esta oportunidade de
manifestar meus sentimentos pra deixar claro que o trabalho dos pais não cessa
com a morte do corpo. Ter coragem pra enfrentar a fraqueza dos filhos. Ter
coragem de dizer o que é preciso independente da idade que eles tenham. Ter
coragem de trancar as portas e gritar o nome de Deus no lar. Exaltar o Senhor
que te dará forças irmão. Isso é seguir no caminho. Eu não fiz isso e me
arrependo. Achei que eram adultos e deveriam saber se cuidar. Eu não soube o
que fazer e errei. Ainda peço a Deus pra cuidar deles porque só Ele pode tudo.
Vou retornar como neto do meu menino. Eu tenho medo do que poderá acontecer.
Tento me encher de esperança.
CLAUDIONOR
30/12/17
---------------Paula
Alves-------------
“ESCUTAR SEMPRE A VOZ DO CORAÇÃO É OUVIR
SEU ANJO DA GUARDA”
Eu
só queria poder abraçá-los. É tão bom ter família. Eu perdi tempo e achei que
merecia me divertir. Eu trabalhava tanto. Eu estudei com afinco pra ser
advogada e eu agradecia todos os dias pelos meus pais que puderam proporcionar
bons estudos, mas eu precisava me divertir. A vida passa tão rápido. Conheci um
homem ótimo e estava noiva. Não achei que era importante para meus pais estar
com eles nas datas festivas porque estávamos sempre juntos, mas era importante
sim. Meu noivo me convidou para um jantar de gala e eu aceitei, mas eu senti
algo tão estranho. Vontade de ficar em casa, com meus pais. Meu noivo chegou e
eu resolvi seguir a voz do meu coração. Decidi ficar com meus amados pais, isso
gerou um enorme constrangimento com meu noivo que brigou comigo e foi para a
festa.
Eu
chorei e obtive apoio dos meus pais que decidiram me levar para comemoração na
casa dos vizinhos. Eu me diverti tanto, estava com um pouco de angústia que não
sabia explicar, apenas no dia seguinte tive a resposta. Meu noivo foi para a
festa, bebeu além da conta e bateu o carro. Ele desencarnou no ato da batida.
Eu
vivi anos me recriminando pelo ocorrido. Levou tempo para me relacionar com
outra pessoa e quando finalmente isso aconteceu eu compreendi que nada acontece
por um acaso. Muito tempo se passou, eu envelheci e também desencarnei. Quando
cheguei aqui pude reencontrá-lo e soube que tudo estava nos planos. O que não
estava nos planos era eu estar com ele. Eu sei que todos nós temos planos
perante Deus. Todos nós temos um caminho que devemos seguir. Este caminho pode
ser modificado por nossa vontade porque nosso livre arbítrio é respeitado, mas
temos um plano.
Esta
intuição, esta sensação de certeza e o bem-estar que temos quando escolhemos
certo deve ser respeitada por nós. Deve nos mover, nos direcionar. Escutar
sempre a voz do coração é ouvir seu anjo da guarda. É deixar que o curso
natural das coisas se realize. É se colocar nos braços do Pai. Eu amava meu
noivo, mas se estivesse com ele, certamente não teria vivido bons anos ao lado
da minha família e não teria aumentado a família porque me casei e tive filhos
abençoados. Amores que vão, amores que vêm porque a vida não cessa jamais. Eu
sou grata.
ANGÉLICA
30/12/17
----------------Paula
Alves--------------------
“É UMA SEPARAÇÃO MOMENTÂNEA MÃE”
Eu
procuro me ocupar. Trabalho e estudo. Trabalho na lavoura e quando posso, vou à
biblioteca, adoro ler. Agradeço quando me permitem ter acesso às notícias, mas mexe
muito comigo, fico emotiva, saudosa. Eles estão lindos. Crescem tanto. Espertos
e carinhosos. O Augusto é um pai excelente e a esposa que ele encontrou é muito
bondosa, não poderia ser diferente disso. Eu agradeço pelo que fazem com os
meninos, mas eles são tão graciosos. Rezo para o tempo passar logo, acho que um
dia vou poder abraçá-los novamente, mas é difícil desejar isso deste lado.
Quero
que vivam muito. Quero que tenham experiências enriquecedoras. Desejo que se
transformem em homens lindos, homens de bem. Eu só quero que tudo dê certo para
eles, meus homenzinhos. Eu não sofro de ter vindo pra cá jovem porque vivi
bastante. Vivi intensamente. Eu amei demais. Tive a melhor vida que poderia ter
tido. Amigos tão maravilhosos. Celeste como tenho saudade de nossas conversas
querida. Não se prive de ser feliz porque você merece a felicidade. As respostas
você já tem. Eu sinto falta de todos, mas aqui é muito bom. É como se
estivéssemos morando um pouco distantes, só isso.
Demora
pra se acostumar porque nós somos ensinados a pensar na morte como um fim, mas
quando se tem a cabeça aberta e se percebe o quanto é grandioso todo o
universo, nós compreendemos que só estamos distantes pela matéria. Poderia ser
pelo país ou outra coisa qualquer, entendem?
Eu
me sinto assim... Ligada a todos os que amo, ainda mais. Aguardando uma
oportunidade onde estaremos fortemente unidos de novo. Esta consciência me
permitiu a aproximação abençoada por duas vezes. Uma vez quando pude estar com
eles enquanto estavam dormindo. Como foi bom poder abraçá-los e informar que
ainda os amo. Eles ficaram mais tranquilos e confiantes. Fui visitar minha mãe
que ficou confusa com o sonho que teve, que pena mãe! É tudo real. Era eu
mesma. Sua filhinha querida. Eu nunca me esquecerei do que vivemos.
Aqui
as lembranças são vivas e ganham forma mãe. Quando for possível nos veremos de
novo, mas cuide-se com os exames preventivos, só quero você aqui bem velhinha
mãe. Eu estarei sempre com vocês em pensamento. Aguardando ansiosa, mas
torcendo para que triunfem nas provas. É uma separação momentânea mãe.
Uma
viagem que passa tão rápido, por isso, aproveite a estadia, divirta-se, sorria
mãe. Não tem que ser tão sofrido. Você pode viver mais leve. Eu te amo. Amo
todo vocês pra sempre.
VERINHA
30/12/17
----------------Paula
Alves----------------
“LEVO ÁGUA, COMIDA e PAZ”
Eu
não poderia deixar de vir. Você que sempre esteve em meu coração. Recebemos a
divina oportunidade de estarmos próximas mais uma vez, mas nossos caminhos se
distanciaram por causa de nossos campos de atuação. Cada uma de nós empenhada
em seguir o Mestre. Cada uma de nós empenhada em permanecer nos planos de Deus.
Eu segui minha irmã. Estou tão feliz com meu trabalho. Tudo saindo como eu
imaginava, tantas descobertas, algo novo e diferente de tudo o que já fiz.
Muito difícil suportar nos primeiros meses, achei que não conseguiria.
Lembrei
que tantas vezes você me impulsionou, eu te impulsionei. Tantas vezes seguramos
as mãos para prosseguirmos e eu me senti sozinha. Era tanto trabalho que não me
senti forte o suficiente e quando pensei em você, senti que também sofria.
Tudo
passageiro. Nos elevamos e sentimos o amor de Deus que nos conduz nas tarefas
edificantes. Como é bom senti-Lo. Eu me fortaleci. Retomei meu posto, renovada
e confiante. Hoje estou tranquila, feliz. Estou no resgate. Zona umbralina onde
são tantos em frangalhos, tantos precisando de luz e de consolo. Levo água,
comida, paz. Assim como você que no lado material tenta levar tudo isso. Nós
duas fazemos o mesmo trabalho irmã. Tentamos levar a luz. Fazer o pessoal
enxergar o que, muitas vezes, eles não desejam ver, mas precisam ver para se
conscientizarem que este é o caminho que conduz à verdade e tira da alienação.
Não
se curve para as dificuldades, se curve para o Pai. Se dobre e não tenha
vergonha de se fazer de pequenina irmã. Nós somos ciscos. Estenda a mão para
todos, mesmo para os que não desejam segurá-la. Tenha fé que o trabalho é este,
árduo, simples, mas edificante. Seguir Jesus em toda parte, levar a palavra em
toda parte e tocar os outros que estão quase sem esperança. Fazendo brilhar um
pequeno raio de luz que norteia. É assim que deve ser. Até breve.
SOFIA
30/12/17
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